Muro baixo, portão destrancado e pista de skate que chama a atenção de quem passa na rua. É assim a casa em que Pedro Scooby, de 32 anos, e Cintia Dicker, de 33, me receberam em Cascais, uma das mais bonitas cidades de Portugal. Apesar da região ser de classe alta e ter muitas mansões e hotéis de luxo ao redor, a residência de dois andares do surfista e da modelo tem um ar simples, com decoração despretensiosa e uma sensação de liberdade, evidenciada pelo enorme jardim na entrada.
“Aqui parece que estou de férias eternas, porque é muito calmo, tranquilo. É bom porque me lembra infância, acordar com passarinhos, ter grama para pisar”, exalta Cintia, que é natural de Campo Bom, no interior do Rio Grande do Sul. “Até meus amigos portugueses falam ‘cuidado, podem roubar isso, aquilo.’ Eu falo: ‘pô, vim do Rio de Janeiro, vão roubar o quê? O que é roubar aqui pra vocês?’”, brinca Scooby, que nasceu em Curicica, na Zona Oeste do Rio.
Juntos desde outubro de 2019, as coisas aconteceram rápidas para os dois. Em novembro do mesmo ano, eles assinaram um contrato de união estável, chegaram a ficar separados alguns dias em fevereiro, mas reataram no Carnaval e, desde então, não se desgrudam. A mudança para Cascais aconteceu em junho e agora eles se preparam para casar em terras lusitanas. “Vamos casar no cartório no próximo dia 9 [de novembro]. Como a nossa casa é agora em Portugal, queremos estar casados legalmente aqui também”, explica o surfista. Por causa da pandemia do novo coronavírus, não haverá festa, o que eles não descartam fazer mais adiante. “Só vamos fazer quando tiver tudo liberado para as nossas famílias estarem presentes”, lamenta.
Durante o ensaio, Scooby e Cintia mostraram que curtem bastante os momentos de intimidade. “A nossa próxima obra é um quarto inspirado no filme 50 Tons de Cinza”, diz ele. “A gente adora um sex shop”, completa ela, contando que deu a ele um controle de vibrador bluetooth de aniversário.
Scooby só ficou mais sério quando o assunto foi os filhos, Dom, de 8 anos, e os gêmeos Bem e Liz, de 5, do casamento de oito anos com Luana Piovani, de 44, que chegou ao fim em março de 2019. “Olho para meus filhos e eles têm que saber que eu estou aqui a qualquer hora”, declara o pai coruja. Além disso, o surfista elogiou a relação das crianças com Cintia. “O Dom, não sei nem de onde ele tirou isso, mas uma vez ele chegou para ela e falou: ‘tia Cintia, você é como se fosse uma segunda mãe para mim’. Porque é isso, ela ajuda a criar, trocar de roupa, dar comida, educar”, diz.
Sobre as polêmicas com a ex, Piovani, o atleta foi mais discreto. “Toda separação tem seus problemas. Os meus, infelizmente, foram expostos, mas acho que resolveram, são águas passadas”, afirma.
A casa de vocês tem um muro praticamente inexistente, de tão baixo. É uma realidade bem diferente da que Cintia tinha em Nova York e que Scooby tinha no Rio. Como está sendo viver aqui?
Cintia: Maravilhoso. Fiquei em Nova York por 16 anos, os melhores momentos da minha carreira, da minha vida e da minha adolescência foram lá. Mas você vai ficando mais velha e vai querendo mais paz, mais silêncio, e lá é impossível. É ambulância, bombeiro o tempo inteiro. Aqui parece que estou de férias eternas, porque é muito calmo, me lembra minha casa na infância. Mas logo que a gente chegou, eu falei: ‘esquisito esse negócio todo aberto’ [risos]. Mas é tão tranquilo. Passam, durante o dia, umas cinco pessoas aqui no máximo [risos].
Eu cheguei e o portão estava aberto…
Cintia: É assim que fica, no começo a gente perdeu a chave. Saía e deixava a casa aberta e nada aconteceu.
Scooby: É engraçado que nos últimos seis anos no Brasil, eu morei dentro de condomínio. É muito louco, porque é portaria, interfone, guarita, segurança. E chega aqui, meus amigos me chamam da rua assobiando. O carteiro abre o portão, vem até a porta. Tranquilaço. Eu vou até Nazaré, que é 150 quilômetros daqui, e não tem um carro de polícia. Eu acho muito doido. É o que falo: sou muito carioca, apaixonado pelo Rio, que, para mim, é o lugar mais foda do mundo, mas é triste ver como o Brasil se autoboicota. Aqui é incrível? É! Mas no Brasil tudo que você plantar, cresce. País incrível, beleza natural, povo alegre, feliz, batalhador, mas tem uma parte do povo que o transforma em uma realidade perigosa. Apesar que, não é a realidade de todos, mas fui nascido e criado no Rio, em um bairro considerado perigoso, e nunca fui assaltado.
Por que vocês decidiram assinar o contrato de união estável e, agora, casar em Portugal?
Cintia: Na verdade, desde que a gente começou a ficar, já falava em casamento, ter filho, ficar junto.
Scooby: A gente tem um contrato de união estável e queremos estar casados de verdade. Como a nossa casa é agora em Portugal, a gente quer estar casado aqui legalmente também.
Vai ter festa?
Scooby: Não, por causa da pandemia da Covid-19. Só vamos fazer quando estiver tudo liberado para as nossas famílias estarem presentes.
Cintia: Eu quero fazer festa. Até porque minha mãe me mata se não tiver [risos]. Mas não penso em casar na igreja. A gente nunca entrou em detalhes do que queremos fazer. Mas é juntar a família, com as pessoas mais próximas e comemorar o amor.
Vocês são jovens, tem uma relação de pouco mais de um ano, exalam sensualidade. Qual a importância do sexo na vida de vocês?
Scooby: Muita! A nossa próxima obra é um quarto inspirado no filme 50 Tons de Cinza.
Cintia: A gente adora uma sex shop. Queremos muito um quarto para guardar os brinquedinhos, ainda mais com crianças em casa. Gostamos de comprar umas coisas…
“No aniversário dele, eu comprei um vibrador pra mim e dei a ele o controle. É incrível! Você coloca o vibrador em você e ele controla à distância”Cintia Dicker
Que tipo de coisas?
Cintia: No aniversário dele, eu comprei um vibrador pra mim e dei a ele o controle. É incrível! Você coloca o vibrador em você e ele controla à distância, via bluetooth.
Scooby: Ela não me deu o presente, a caixa, ela só meu deu o controle [risos]. No meu aniversário, eu bêbado ali, apertava o controle e ela estava conversando com alguém e ficava… [imita alguém tomando um susto]
Cintia: Acho que essas coisas são saudáveis, dão um up.
Scooby: Acho que precisa existir o amor em casa, óbvio. Mas acho que minha mulher tem que ser minha piranha, minha vagabunda, tem que ser, sei lá, qualquer coisa relacionada a sexo quando a gente estiver transando, ela tem que ser tudo. Muito engraçado quando a gente ia se mudar pra cá, a gente estava esperando o corretor e ficamos transando no jardim. Sexo é uma coisa que liga muito, é uma coisa muito importante. Eu vejo vários relacionamentos que terminam por causa de sexo. Se você fica numa coisa careta, você vai buscar fora o que está te faltando em casa. Mas se você tem em casa o pacote completo…
Cintia: Tenho até perucas loira, morena, para ser tudo. A gente se diverte bastante. Quase todo dia.
“Eu vejo relacionamentos que terminam por causa de sexo. Se você fica numa coisa careta, vai buscar fora o que falta em casa”Pedro Scooby
Mas por causa da profissão, Cintia modelo e Scooby surfista, vocês viajam muito separados. Como lidam com isso? Existe ciúmes?
Cintia: Acho que é bom, mesmo estando casado, cada um ter o seu momento. Eu acho que se a gente está junto é porque a gente quer estar junto, né?
Scooby: É bom que a gente não tem rotina. Rotina é o que torna as coisas chatas, na minha opinião. Tudo que você faz muito na vida enche o saco. É bom porque dá um espaço para os dois pensarem, terem sua vida.
Como as crianças ficaram quando vocês decidiram morar juntos e como se relacionam com a Cintia?
Scooby: Isso era um medo que eu tinha, “putz, vou me mudar pra Portugal, ter uma casa com ela aqui, que é a casa das crianças…”. E eles são apaixonados pela Cintia. Às vezes, chegam aqui e não é nem “pai”, é “tia Cintia”. E o Dom, não sei nem de onde ele tirou isso, mas uma vez ele chegou para ela e falou: “tia Cintia você é como se fosse uma segunda mãe para mim”. Porque é isso, ela ajuda a criar, trocar de roupa, dar comida, educar.
“Tinha muita mágoa [do meu pai] porque é muito difícil uma criança virar o homem da casa. Ele teve os problemas dele, foi embora e eu passei a sustentar a casa com 15 anos. Hoje olho meu filho e penso: ‘como eu consegui?’. Era muita responsabilidade”Pedro Scooby
Scooby, você já disse em entrevistas que seu pai foi preso quando você era muito novo – hoje, ele já está solto. Como é a relação de vocês hoje em dia?
Scooby: Estou com 32 anos, meu pai saiu de casa quando eu tinha 15. Demorou 17 anos para a gente sentar um dia e conversar. Fiquei vários anos sem vê-lo, depois o encontrei, depois fiquei vários anos sem vê-lo de novo. Eu tinha mágoa dele e ele não conseguia sentar e falar: “foi isso, eu errei por causa disso, desculpa”. Mas agora temos uma relação maravilhosa. Tinha muita mágoa porque é muito difícil uma criança virar o homem da casa. Ele teve os problemas dele, foi embora e eu passei a sustentar a casa com 15 anos. Hoje em dia, olho meu filho e penso: “como eu consegui?”. Porque era muita responsabilidade. Graças a Deus, já tinha o surfe na minha vida e já tinha salário.
E como a relação com seu pai influencia em como você é com os seus filhos?
Scooby: Influencia total. Olho para meus filhos e eles têm que saber que eu estou aqui a qualquer hora que eles me ligarem dizendo que precisam de mim, mesmo que eu esteja do outro lado do mundo.
Quais valores quer passar para eles?
Scooby: A única coisa que exijo dos meus filhos é caráter, educação, humildade. Tento sempre mostrar isso na prática. E eu sou um cara que apoia muito o esporte na vida deles, ainda mais em um mundo tecnológico. A maioria das crianças volta da escola e quer ficar no celular, tablet e videogame. E não por eu ser atleta ou querer que eles sejam, mas por qualidade de vida, para a saúde também.
E o Dom está praticamente um skatista profissional…
Scooby: É o que eu estava falando com um amigo, quando você leva a criança a praticar um esporte, provavelmente ela não vai gostar no primeiro dia. Porque ela não sabe, vai ter dificuldade. Então você tem que insistir naquilo ali. Botei o Dom no judô, no jiu-jitsu, ele pegava onda, sempre coloquei opções na vida dele de vários esportes. Chegou no skate e ele se apaixonou.
Mas como manter os pés deles no chão com um pai surfista, uma mãe atriz, uma madrasta modelo, todos famosos?
Scooby: Eles têm tudo muito fácil, porque, fora isso, são lindos. Eles chegam todos estilosos, com skate na mão, isso já abre muitas portas. Mas eu tento mostrar que não é bem assim. Eles têm essa facilidade por causa dos pais, mas eles têm que conquistar as coisas deles. Eu falo: “quem é famoso é seu pai e sua mãe. Vocês têm que correr atrás do seus próprios caminhos. Se vocês querem ser engenheiros, jogar xadrez, andar de skate, não importa, tudo tem sacrifício na vida”. Tenho umas conversas muito sérias com eles. Tanto que botei uma em um episódio do meu programa no YouTube, que muita gente, pirou, amou, mas 5% veio me julgar pela forma como falo com meu filho. Eu não estava ensinando ele a superar o medo no trampolim, estava ensinando a superar o medo na vida. A vida é cheia de dificuldades e ele não pode depender de mim para superá-las. Ele vai ter que enfrentar isso, sozinho. Eu estou aqui agora, mas não sei se vou morrer amanhã, se vou atravessar a rua, tomar um tiro. Às vezes, acho que os pais subestimam as crianças.
E como está sua relação com a mãe deles, a Luana?
Scooby: Estamos em paz. Acho que é um processo. Toda separação tem seus problemas, cada um tem um jeito. Meu problema foi infelizmente exposto, mas acho que resolveu. Acho que os problemas são águas passadas.
Cintia, você se dá bem com a Luana?
Cintia: A gente não tem uma relação. Claro, quando a gente se vê é “oi, tudo bem” fui até no aniversário dos gêmeos na casa dela e foi supertranquilo.
“Minha prioridade é minha felicidade. Meu intuito na vida não é ficar mais famoso ou mais rico. Se eu tenho um caminhão de dinheiro na vida e consigo ser feliz, eu não preciso de dois”Pedro Scooby
Você citou as críticas que recebeu pelo episódio com o Dom em seu canal no YouTube. Como você fica com as pessoas se metendo em sua vida pela internet?
Scooby: Eu trabalho, eu tenho um salário, eu emito nota, desde que eu tenho 13 anos de idade. Eu não ligo. Porque olha a minha vida. Dentro da minha casa, nesse paraíso, vivendo uma vida dos sonhos, vou ligar para um cara com um celular, amargurado, uma pessoa desgostosa da vida? Tem coisas na minha vida que são prioridades, como minha felicidade. Eu estava conversando com um ex-empresário meu que disse que eu deixei de ganhar um caminhão de dinheiro por escolhas, de não querer ir, mas minha prioridade é minha felicidade. Meu intuito na vida não é ficar mais famoso ou mais rico. Se eu tenho um caminhão de dinheiro na vida e consigo ser feliz, eu não preciso de dois. Eu sou um cara que olho a Ferrari do vizinho e falo: “porra, que maneiro”. Fico feliz com a vitória dos outros. Eu quero mais que as pessoas ganhem milhões e sejam muito felizes. Eu vejo muita gente que convivi na vida que botam prioridade no dinheiro e na fama, achando que lá no final vai encontrar felicidade, mas aí você perdeu sei lá, 20 anos da vida, tentando encontrar felicidade. Porra, isso é tempo pra caralho. Não tenho 20 anos para perder.
E como avalia sua vida hoje, com três filhos, morando em Portugal, com a Cintia?
Scooby: Obviamente, você tem compromissos na vida, eu tenho lugares que tenho que estar, horários, arrisco minha vida em uma profissão superperigosa. Hoje em dia aqui, não tem nenhum funcionário, tem o jardineiro que vem a cada 15 dias, vem a menina limpar quando a casa está muito fora do controle. E quando morava no Brasil tinha 10 funcionários em casa. Caseiro, motorista, empregada, uma babá para cada filho, porque eles tinham rotinas diferentes… eu estava feliz lá? Estava. Mas estou feliz agora. Eu fui um cara muito feliz no meu casamento [com a Piovani], mas uma hora não deu certo e acabou. Ponto. Não tenho tempo para perder com tristeza, com infelicidade, com momento ruim. Eu vou buscar felicidade até o fim.
“Eu fui um cara muito feliz no meu casamento [com a Luana Piovani], mas uma hora não deu certo e acabou. Ponto. Não tenho tempo para perder com tristeza, com infelicidade, com momento ruim”Pedro Scooby
Vocês pensam em ter filhos juntos?
Cintia: Muito. Mas vamos esperar um pouquinho. Tenho que trabalhar muito ainda. Pelo menos uns dois anos.
Scooby: Nós estamos acertando os ponteiros. Estamos nos adaptando, entendendo a casa.