O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instaurou Procedimento Preparatório para averiguar a falta de materiais de expediente e efetivo policial na Delegacia de Policia do município de Tabatinga, na fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, na região considerada como uma das maiores produtoras e exportadores do mundo de cocaína, onde a maior parte da população está exposta à violência do narcotráfico.
A Portaria de Instauração do procedimento, assinada pela promotor de Justiça Sylvio Henrique Lorena Duque Estrada, foi publicada no Diário Oficial do MP-AM desta sexta-feira e considera a Notícia de Fato nº 021/2018 instaurada para apurar a falta de materiais de expedientes, bem como a falta de efetivo policial na cidade, que fica a 1,1 mil quilômetros a oeste de Manaus.
De acordo com notícia do ano passado no site da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a divisa brasileira com Colômbia e Peru, conhecida como Tríplice Fronteira Amazônica, é um local de afluxo para a entrada de drogas e armas no Brasil. A ausência do Estado permite que facções criminosas atuem na região.
“Informações coletadas com autoridades brasileiras apontam que 70% das drogas ilícitas que entram pela Amazônia passam pelo Município de Tabatinga (AM), que divide fronteiras com Letícia (Colômbia) e Santa Rosa do Javari (Peru)”, diz a notícia.
A região, segundo o delegado responsável, à época, pela Polícia Federal (PF) no Município, Marcos Vinicius Meirelles Menezes, a região, com seus rios é rotas preferenciais do escoamento de cocaína e maconha para o Brasil. Sem a presença de autoridades brasileiras na fronteira, carros e pessoas transitam entre os países sem fiscalização.
No último dia 29, o deputado estadual Cabo Maciel (PL) solicitou, da tribuna da Assembleia Legislativa, uma intervenção do governo do Estado em Tabatinga. O motivo, disse, é a guerra de facções do narcotráfico intensificado pelas fronteiras internacionais (Colômbia e Peru). O parlamentar afirmou que o aumento de assassinatos no município disparou recentemente. “ As pessoas não trafegam mais nas ruas. O pânico tomou conta. Está insuportável. A vida da população está sendo ceifada”, disse.
Delegacia fechada na rota do tráfico
A promotora de Justiça Fábia Melo Barbosa de Oliveira, do município de Tefé, na calha do Rio Solimões (Amazonas), rota do narcotráfico da tríplice fronteira para Manaus, instaurou inquérito civil para para apurar denúncia sobre a paralisação de atendimento na Delegacia de Polícia do municípios após as 14h. O extrato do Inquérito Civil nº 012/2019-2ª PJTF também foi publicado no Diário Oficial do MP-AM da última sexta-feira. No mesmo Diário Oficial foi publicado o extrato do inquérito civil da mesma promotora para apurar “suposta negligência da autoridade policial em Tefé quanto a investigação de acidente de trânsito ocorrido em via pública”.
Em maio deste ano, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Alcyon, para desarticular organização criminosa e reprimir ações do tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro no Amazonas. Foram cumpridos 14 mandados de prisão preventiva e 9 mandados de busca e apreensão, em Manaus, Tefé e Tabatinga/AM.
A Polícia Federal identificou os responsáveis pelas reiteradas práticas criminosas e a forma como agiam. As substâncias entorpecentes eram adquiridas pelos investigados diretamente do fornecedor, na Colômbia, e introduzidas no território brasileiro por meio de embarcações que as transportavam pela calha do Rio Solimões até Manaus. Foram apreendidos 827 quilos de maconha, que estavam ocultados no tanque de combustível de uma embarcação.