A descoberta de variantes do novo coronavírus no Reino Unido, África do Sul e Brasil, todas mais transmissíveis, acendeu um alerta nos cientistas. Questões como a eficácia da vacina e das medidas de prevenção logo voltaram à pauta, e uma das principais dúvidas é se as máscaras caseiras são efetivas ou não na proteção contra as novas cepas.
Tamanha é a preocupação, que países como França, Áustria e Alemanha tornaram obrigatório o uso de máscaras profissionais, como as cirúrgicas, N95 ou PFF2, comprovadamente mais eficazes que a caseira. Apesar disso, ainda não há confirmação de que as máscaras caseiras tenham deixado de ser efetivas na proteção de contaminações pelas novas variantes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, não deixou de indicá-las e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue pelo mesmo caminho.
Conforme especialistas, mesmo com maior transmissibilidade das variantes, as máscaras de pano continuam sendo um bom mecanismo de proteção às contaminações pelo novo coronavírus, mas precisam obedecer a alguns critérios.
“A máscara permanece como uma das principais medidas de prevenção contra a covid-19. Não devemos abrir mão dela”, afirma o infectologista Marcelo Cordeiro, consultor do Sabin Medicina Diagnóstica.
Ele explica que há, no entanto, orientação para os diferentes tipos de máscaras, em especial sobre quem deve utilizá-las e em quais ocasiões. O órgão que determina esses protocolos é a Anvisa.
“Temos a N95, que é mais eficiente em situações de maior risco, portanto, utilizada por profissionais de saúde expostos a pacientes com Covid-19. Não há recomendação de utilizar essa opção fora do ambiente hospitalar. Em segundo lugar, temos as máscaras cirúrgicas, que possuem três camadas. A sugestão é que profissionais de saúde que não estão expostos a pacientes com Covid-19 nas unidades de saúde e pessoas com comorbidades façam uso deste tipo”, explica o médico.
Uso correto aumenta eficácia
Cordeiro destaca que as máscaras caseiras têm eficácia comprovada para diminuir o contágio da covid-19. No entanto, seu poder de evitar a doença pode variar a depender de alguns fatores.
“Essas máscaras devem ser feitas com pelo menos três camadas de tecido para uma boa eficácia. Além disso, o uso vai determinar a qualidade da proteção. A máscara não deve ser compartilhada, seu uso não pode ultrapassar três horas, e deve ser trocada sempre que ficar úmida”, orienta o infectologista.
Sobre a preferência de máscaras hospitalares em alguns países, a Anvisa declarou ter conhecimento dos casos, mas reforçou a atual orientação sobre quem deve usar quais tipos de máscaras.
“Um dos motivos para não orientar o uso de máscaras N95 para todos é, principalmente, devido à falta de evidências que sustentem essa indicação de que a máscara caseira seria menos eficaz contra as novas variantes, e para evitar o desabastecimento dos serviços de saúde com este insumo tão importante para a prestação de assistência aos pacientes com covid-19 durante a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis”, se manifestou a agência em resposta à BBC News Brasil.
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