CARAUARI/AM – Cerca de 120 passageiros e tripulantes estão passando fome, sede e doentes dentro do barco Maria de Lourdes que está a deriva há 8 dias no Rio Juruá e, também, proibido de atracar no porto de Carauari, por decisão do prefeito em exercício da cidade.
A situação dos passageiros é tão crítica e desumana que os passageiros e tripulação escreveram um pedido de socorro e resgate para tentar sensibilizar o prefeito em exercício ( que é também o juiz da Comarca devido ao afastamento do prefeito titular) e as autoridades, mas nem isso está bastando.
Dentro do barco que está à deriva próximo ao município de Juruá, estão pessoas que estavam em tratamento de saúde em Manaus, também tem idosos, crianças e mulheres que não estão podendo se alimentar direito, tomar banho, tomar remédios, e continuar tratamento. Em Resumo: “Estamos fedendo e praticamente apodrecendo e ninguém faz nada pela gente”, afirma uma passageira.
“Estávamos em Manaus, a maioria em tratamento de saúde, e quando a pandemia se agravou na capital, com números alarmantes de mortes, inclusive por falta de oxigênio, decidimos voltar para nossa cidade. Como não temos dinheiro pra ir de avião, que custa até R$ 1.500,00, viemos de barco, com ocupação de aproximadamente um terço da sua capacidade, com o devido controle de transmissão do COVID-19”, relatam os passageiros no pedido de socorro.
“Depois de viajar 7 dias de Manaus para Carauari, faltando apenas algumas horas para chegar em nossa cidade, para a surpresa de todos, nossa embarcação foi abordada, no meio do rio, por uma grande tropa de guardas municipais e policiais civis e militares, fortemente armados. Momento que causou grande pânico entre todos. Alguns chegaram até a desmaiar diante de tanta angústia e medo. Essa tropa impediu a continuidade da viagem na direção de Carauari e nos escoltou por um dia (quarta-feira, 24/02), sem liberdade de defesa, fazendo o barco viajar na direção contrária ao nosso destino”, completa.
“Desde então, estamos à deriva, aprisionados em uma embarcação, com nosso direito de ir e vir negado. Muitas pessoas estão em período pós operatório, pessoas idosas, crianças, outras que estão doentes pois estão em fase de tratamento, com medicação controlada e já limitada. Estamos vivendo um caos total neste momento. Nossas vidas estão em risco sem saber quando teremos nossos direitos restabelecidos. Mais uma vez estamos sendo penalizados pela desigualdade social. Enquanto os que tem dinheiro podem chegar todos os dias de avião na cidade de Carauari, nós estamos proibidos de chegar em casa”.
Passageiros e tripulação explicam que o prefeito do município vizinho (Juruá), foi quem prestou ajuda, pois gentilmente autorizou o exame pra todos nós embarcados e não foi diagnosticado NENHUM PASSAGEIRO COVID-19, mesmo assim o prefeito e juiz de Carauari (que são a mesma pessoa), nos nega o direito de ir para nossas casas.
O Portal Caboco entrou em contato para ter um posicionamento da assessoria da Prefeitura de Carauari, e a assessoria informou que após o comandante assinar um Termo de Responsabilidade, o barco já seguiu de viagem do município de Juruá para Carauari na manhã deste sábado (27)