Do R7, com agência Reuters
QQCarga viva partiu da Espanha em direção à Turquia, mas os navios foram impedidos de atracar por suspeita de doença.
Um drama está comovendo o mundo e causando revolta entre os defensores da causa animal. Há dois meses, mais de 2.500 bois espanhois estão confinados em dois navios, o Karim Allah e o ElBeik, depois de tentar atracar em diversos portos, sem sucesso.
Inicialmente, a carga viva saiu da Espanha em direção à Turquia, onde seria recebida para o abate. Mas o governo turco rejeitou os animais por suspeitar que estariam contaminados com a doença da “língua azul”, que não é prejudicial aos humanos, mas pode se espalhar entre o gado. A Espanha negou o fato, afirmando que os animais estavam saudáveis. Além da Turquia, outros países, como a Líbia, recusaram os navios em seus portos.
Na quinta-feira (25) o Karim Allah, que transportava 895 animais, conseguiu autorização para voltar ao porto de Cartagena, na Espanha. Mas, de acordo com informações da agência Reuters divulgadas neste sábado (27), um relatório confidencial expedido por veterinários do governo espanhol, ao qual a agência teve acesso, concluiu que toda a carga viva do Karim Allah deve ser sacrificada por não estar mais em condições de transporte.
Segundo o The Guardian, o comandante do navio Karim Allah já havia acusado o governo espanhol de não responder a seus apelos por ajuda e relatou, na quinta-feira (25), que a Espanha ameaçara sacrificar todos os animais se o navio atracasse em seus portos.
De fato, segundo o documento ao qual a Reuters teve acesso, os veterinários espanhois concluíram que os animais já haviam sofrido muito durante a longa jornada pelo mar e que o sacrifício seria a melhor solução em nome de seu bem-estar.
Um martírio para os animais
Um ativista dos direitos dos animais contou à Reuters que o gado estava sendo mantido em “condições infernais” no Karim Allah e o mesmo se aplica ao ElBeik.
A situação se agravou muito porque os proprietários dos animais confinados nos navios estavam em busca de outro comprador, o que acabou não acontecendo em dois meses. E, assim, o martírio dos animais mantidos em alto mar continuou durante todo esse tempo, com restrições de comida e água, já que os navios não conseguiam parar nos portos para reabastecer o tanto de que precisavam.
O Karim Allah deixou a costa espanhola, no porto de Cartagena, pouco antes do Natal do ano passado, com direção à Turquia, onde os 895 animais transportados seriam recebidos para o abate. https://d-3950244921216182093.ampproject.net/2101300534005/frame.html
A outra embarcação é a ElBeik, que partiu de Tarragona com cerca de 1.800 animais. Também foi impedida de atracar em qualquer lugar, pela mesma suspeita da doença da língua azul.
O destino dos animais transportados nos porões do ElBeik permanece incerto. Mas, de acordo com a Reuters, até quinta-feira (25) o ElBeik estaria atracado no porto cipriota de Famagusta, para se reabastecer de ração para os animais