Moradores do residencial Maria Zeneide, em Iranduba, região metropolitana de Manaus, procuraram a redação do Repórter Manaós para denunciar o descaso que está ameaçando as casas dos cidadãos do conjunto nos últimos anos. Segundo eles, um grave problema com a água e o esgoto ameaça levar fezes para dentro das casas.
A principal reclamação do grupo é a falta de limpeza nos esgotos, que está contaminando um igarapé que existe ao fundo do Maria Zeneide e colocando a saúde dos moradores em risco, pois pode estourar para dentro das casas a qualquer momento.
Esgotos nas ruas estourados, sistema de tratamento a céu aberto e com dejetos escorrendo pela encanação: é o drama de mais de 300 famílias.
De acordo com a moradora Rosy Corrêa, que vive no conjunto desde a entrega do imóvel há três anos, o local nunca teve fiscalização e nem limpeza. “Nós já recebemos sem funcionamento o tratamento de esgoto. O SAAE fez o recebimento, tenho o documento que eles receberam a água e esgoto. Na época o ex-diretor do SAAE veio, se apresentou pra comunidade ficou acertado uma taxa e água e esgoto. R$ 14 de água e R$10 de esgoto. Feito ATA, ele levou para fazer a taxa do acordo com os moradores”, disse.
Ainda conforme dona Rosy, até a atualidade o esgoto não foi tratado. “Os bueiros estão todos entupidos. A tubulação de fezes dos banheiros está toda entupida. Tem moradores que estão desviando a encanação do banheiro pro meio da rua e com isso contaminando os canos de água potável e até o poço de água que os moradores consomem”.
“Estamos literalmente na merda aqui. Abandonados! Quando chove o esgoto entope, as fezes voltam pela encanação e tudo fica entupido. Temos que dar o nosso jeito para limpar e esperar a próxima chuva com um desentupidor”, disse uma moradora que preferiu não ser identificada na reportagem.
A dona de casa Ana Maria, também moradora desde 2019, quando o residencial foi entregue, está com a residência prejudicada. “Desde o início não teve limpeza nesses esgotos. Consequentemente, com todas as chuvas, os canos escoam. Sobe a tampa do bueiro e sai tudo que não presta. Fica o nosso apelo para que o prefeito [Augusto Ferraz] que contratou esse rapaz do SAAE, que ele procure saber como foi passado isso aqui. Ele não tem que ir na Caixa Econômica, até porque a Caixa não tem mais responsabilidade. Ele tem que cuidar.”
O rapaz ao qual ela se refere é o diretor-presidente do SAAE-Iranduba (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Iranduba), Kaio Icaro Ferreira Vieira, que esteve presente no residencial para conversar com os moradores, mas, segundo eles, nada foi resolvido.
No áudio enviado pelos denunciantes, o diretor do SAAE afirma que a empresa está falida e que não é de responsabilidade do órgão o tratamento de esgoto, mas, da Prefeitura de Iranduba.
“Esse tipo de problema vocês devem procurar a prefeitura e a secretária de Meio Ambiente, esse tipo de problema a Caixa Econômica entregou esse residencial para a prefeitura com esse problema (sic). A prefeitura assumiu esse problema esse ano, entendeu, e tudo depende da prefeitura e secretária de Infraestrutura. Não é o SAAE. O SAAE ta falido, ele só recolhe a água de vocês. Questão de abastecimento de esgoto, isso daí é com a secretária de infraestrutura. Não é comigo. Sou apenas o sistema de abastecimento de água e a questão que diz ‘e esgoto’ não existe”, diz o áudio.
CRIME AMBIENTAL
Ainda conforme os moradores, todo o detrito das 330 casas está sendo lançado em um igarapé que fica atrás do residencial, considerado área de preservação ambiental.
A equipe de reportagem procurou a Prefeitura de Iranduba e por meio da assessoria, informou, que, “Prefeitura de Iranduba esclarece que este é mais um dos graves problemas herdados da gestão anterior.
O Residencial Maria Zeneide foi entregue à Administração Pública local sem que tenha havido uma rigorosa fiscalização, por parte desta, acerca da regularidade das obras, inclusive no que concerne à rede de esgoto.
A Prefeitura informa, no entanto, que buscará solução junto à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para equacionar a situação.”
Também foi procurado o diretor do SAAE – Iranduba, Kaio Icaro, por duas vezes. Na primeira tentativa por telefone, ele pediu para que a ligação fosse retornada em meia hora. Na segunda vez, ele não atendeu às chamadas. Vale ressaltar, que o espaço está aberto para que os citados na matéria se pronunciem.