A recusa, neste momento, dos clubes da Inglaterra e da Espanha em ceder jogadores pode transformar a seleção brasileira
A seriedade em relação aos protocolos da covid-19 se encaixou à clara aversão de boa parte das entidades europeias a qualquer possibilidade de sucesso da seleção brasileira, demonstrada ao longo dos anos. No bom livro do jornalista Martí Perarnau, sobre a vida de Guardiola, ele pouco cita a seleção brasileira como uma das referências do consagrado treinador, por exemplo.
A recusa, até este momento, dos clubes da Inglaterra, da Itália e da Espanha em ceder jogadores para as seleções sul-americanas nas próximas rodadas das Eliminatórias, para evitar uma longa quarentena, obrigatória nos países, no retorno dos atletas, poderia, no entanto, ajudar Tite a ampliar seu espectro para a Copa do Mundo de 2022.
Muitos torcedores e jornalistas já vinham pedindo há tempos maior espaço para craques que atuam no Brasil.
Quem sabe, em um momento pós-ouro olímpico e com a a seleção brasileira perto de se classificar para o próximo Mundial, algumas opções até então não utilizadas possam se revelar úteis?
O futebol brasileiro sempre foi mesmo uma caixinha de surpresas. Essa máxima pode voltar a valer.
No gol, as ausências de Alisson e Ederson podem ser muito bem compensadas com Weverton.
Na final contra a Argentina, pela última Copa América, aliás, passou quase despercebida a má colocação de Ederson no gol que decretou a derrota por 1 a 0.
Quem sabe não seja o momento de Taffarel, o treinador de goleiros, repensar essa obsessão em ver os goleiros jogando ao estilo do alemão Neuer e, muitas vezes, acabando por privilegiar um posicionamento adiantado, em detrimento da proteção do gol, que é sua principal função?
E para disputar a posição com Weverton, os goleiros Diego Alves, Cássio e o excelente João Paulo, do Santos, seriam opções confiáveis.
Na lateral-direita, Daniel Alves é praticamente uma unanimidade e continua convocado. Para a reserva, Gabriel Menino tem demonstrado ser um jogador equilibrado e versátil.
Na zaga, a impossibilidade de ter Thiago Silva poderia abrir espaço para nomes como Lucas Veríssimo, já convocado, e Nino, campeão olímpico.
Marquinhos continua na lista, por atuar no futebol francês. Ele e Lucas Veríssimo formariam uma ótima dupla.
Na lateral-esquerda, Guilherme Arana, do Atlético-MG, já merece ser titular e nada muda para ele. Seus cruzamentos, de cabeça erguida, são verdadeiros passes. Ele atua como um armador pelos flancos.
Na vaga de Alex Sandro, Filipe Luís é opção incontestável, pelo seu histórico e pelo seu rendimento atual.
No meio-campo, Casemiro, que por um longo tempo era unanimidade, já vinha perdendo um pouco da confiança dos torcedores, em momentos que a seleção precisa de maior dinamismo no setor.
O craque, sim, craque, Bruno Guimarães, apesar de preferir jogar como segundo volante, ocuparia a função com maestria.
E para segundo volante, finalmente Tite poderia observar melhor Gérson.
Outras opções, além de Paquetá, que está mantido, seriam o veterano Diego, que tem comandado a saída de bola do Flamengo, e o rápido e habilidoso Raphael Veiga, que também pode funcionar como um meia-ofensivo.
Everton Ribeiro continua na lista e funcionaria muito bem na ligação entre o meio e o ataque. Além de Claudinho, outro que segue convocado.
No ataque, Richarlison é o jogador mais indispensável. Mas, em relação a Firmino e Gabriel Jesus, ambos vinham com um rendimento questionável.
Firmino, ótimo no Liverpool, tem insistido em decepcionar aqueles que sabem do seu potencial, com partidas apáticas pela seleção, como se sentisse o peso da camisa.
Gabriel Jesus também, principalmente devido ao descontrole emocional que tem demonstrado quando joga pelo Brasil. Vide sua expulsão contra o Chile, nas quartas de final da Copa América.
Raphinha também é outro que não poderá vir, se confirmada a negativa dos clubes, o que certamente o deixará bastante revoltado, já que esta foi sua primeira convocação. E nunca se sabe o que vem no futuro, quando a competitividade é grande.
Como ele, Matheus Cunha, que sempre priorizou a seleção, deve ficar impedido de vir por ter acabado de assinar com o Atlético de Madri.
Neymar e Gabigol, mantidos, devem fazer ótima dupla de ataque. Para completar o setor, alguns nomes como Hulk, que vem pedindo passagem, Dudu, Bruno Henrique e Gustavo Silva, do Corinthians, poderiam ser testados, mesmo em jogos que valem pontos.
É neste momento, afinal, que muitos craques se revelam.
Fonte: R7
Foto: Divulgação