Tendo em vista os últimos acontecimentos acerca do ENEM e o grito dos estudantes por transparência, já passou da hora de mudarmos esse sistema. O TRI (Teoria de Resposta ao Item), por mais positivo que seja, é uma ferramenta oculta e que deveria ser tornar pública. A métrica pode ser justa, mas deve ser passível de reexaminação. Em outro viés, as vistas pedagógicas da redação são liberadas apenas após o SISU, outra grande afronta! As regras do Enem mudam ano após ano, com notas discrepantes e não comparáveis, quantidades de acertos dificilmente servem de parâmetro, havendo casos notáveis de pessoas com menos acertos conseguindo um número superior de pontos.
O ENEM foi criado como forma de avaliar cognitivamente os estudantes de ensino médio, mas se tornou uma ferramenta de seleção de candidatos para universidades de forma abrupta, com poucas mudanças nas formas de avaliação do aluno.
A prova é realizada anualmente por cerca de 5 milhões de pessoas como um mecanismo de ingresso em centenas de universidades e deveria garantir isonomia a todos que a realizam. É um concurso público federal, mas é o mais obscuro de todos!
Os últimos anos foram exemplos a não serem seguidos, não apenas sobre erros de correção, mas principalmente por não serem transparentes, fundamento imprescindível por se lidar com o futuro de milhões de jovens que constituirão a futura massa produtora de tecnologia, de ciência e inovação no Brasil.
Neste caso de terrível fracasso do INEP, com erros gravosos, uma NOVA PROVA deveria ser aplicada, em respeito a todos, que nesse momento não confiam mais nas notas que lhes são mostradas. Sabemos que isso acarretaria em um problema de logística, mas por uma questão de ética e justiça, é o que deveria ser feito!
A reaplicação não só deveria ser feita, mas feita de forma diferente de todos os outros anos, explicitando-se o valor de cada questão ou ao menos uma prévia classificação das questões do que é fácil/médio/difícil. Os estudantes hão de ter acesso aos seus gabaritos e conferir previamente se a soma mostrada na tela do computador é coerente com a preenchida no gabarito e de igual forma com a redação, esse sendo o aspecto mais delicado, pois tem critérios subjetivos. A redação tem de existir, mas ser mostrada de forma clara, sendo passível de recurso ou recorreção.
Tais garantias já são praticadas nas provas da Fuvest e Unicamp, apesar de dinâmica diferente, devido a presença de uma segunda fase e provas descritivas.
A ANULAÇÃO da prova do ENEM 2019 não seria demérito algum ao INEP, mas uma forma responsabilidade e respeito com a coisa pública, que deve ser regida pelos princípios da legalidade, da moralidade, impessoalidade, da publicidade (transparência) e da eficiência dos serviços públicos.
O discurso do Ministro da Educação em dizer que o dano foi reparado, e que apenas uma pequena parte dos inscritos foi afetada, não tranquiliza, não condiz com a realidade, não é transparente, e causa enorme insegurança, um sofrimento a todos os jovens que se submeteram a esse Exame.
Portanto, não é possível silenciar, é necessário que essas informações cheguem ao Presidente da República para reparar esse erro absurdo, crasso e inadmissível, e aprimorar o sistema para que esses equívocos não mais ocorram!
Vereador Coronel Gilvandro Mota