Em discurso proferido na Assembleia Geral das Nações Unidas logo após a fala do seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a enfatizar aquilo que tem sido a obsessão do atual mandatário da Casa Branca: a necessidade de, segundo ele, isolar a Rússia e apoiar a Ucrânia, em busca de “um mundo mais seguro, mais próspero e mais equitativo”, na sua opinião.
Para Biden, esse mundo depende de se enfrentar “a agressão flagrante” de Moscou a Kiev. Como “só a Rússia é responsável por esta guerra, só a Rússia tem o poder de acabar com esta guerra imediatamente”, disse o presidente americano.
Biden questionou: se os países-membros da ONUabandonarem “os princípios fundamentais” da Carta das Nações Unidas “para apaziguar um agressor (a Rússia), algum Estado-membro deste órgão pode sentir-se confiante de que está protegido?”
Biden tentará a reeleição em novembro do ano que vem. Muitos americanos consideram o atual chefe de governo velho demais para se candidatar. Ele tem 80 anos. Mas até o momento não surgiu nenhum candidato que o ameace no Partido Democrata.
Pouco antes, o presidente Lula falou na tribuna e mencionou o mesmo documento: “a guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”, disse o brasileiro.
Apoio à OTAN vem caindo na Europa
Mas o apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – ao contrário do que quer Biden – vem caindo na Europa. No último fim de semana, por exemplo, milhares de pessoas protestaram em Praga contra o apoio do governo tcheco ao Ocidente e à Ucrânia.
No sábado (16), milhares de alemães protestaram na cidade de Magdeburgo (ao leste, onde era a antiga Alemanha Oriental), também contra a OTAN e o fornecimento de armas alemãs à Ucrânia. Segundo os organizadores do protesto, não era um movimento de política partidária, mas de “luta pela verdade”.
Biden fala de crise climática e de China
Apesar de a imprensa mundial (que a brasileira segue) destacar a fala de Biden sobre Rússia e Ucrânia, o presidente americano falou sobre o tema apenas por alguns minutos. Ele tratou de vários outros assuntos, como crise climática, que segundo ele é “uma ameaça existencial (…) a toda a humanidade”.
O norte-americano também mencionou a China, desta vez de maneira mais diplomática do que em falas anteriores. “Sobre a China, deixem-me ser claro. Tudo faremos para que a concorrência não degenere em conflito”, disse.