Uma tecnologia de Inteligência Artificial (IA) desenvolvida por cientistas dinamarqueses promete prever o dia em que uma pessoa vai morrer. Segundo os pesquisadores, o algoritmo utiliza a história de vida da pessoa para determinar a data de seu falecimento.
Os resultados da IA, chamada de life2vec, foram publicados na revista científica Nature Computational Science. Segundo o levantamento divulgado, a máquina consegue acertar o dia da morte de alguém em 78% dos casos.
Os casos que são avaliados pelo algoritmo usam como base o registro de dados de mais de 6 milhões de pessoas da Dinamarca, que foram incluídas no projeto de pesquisa no périodo de 2008 a 2016.
Para prever a data da morte dessas pessoas, O life2vec realiza um tipo de mapeamento da vida do indivíduo, com diversas variáveis que envolvem acontecimentos determinantes na história da pessoa analisada. Esses padrões são avaliados e conectados através de uma constelação de fatores, os quais são usados pelos cientistas para fazer a previsão, com base nas milhões de outras pessoas analisadas.
Os acontecimentos que são utilizados como chave para esta previsão se tornam códigos específicos de pesquisa: uma fratura no antebraço, por exemplo, foi representada com o código S52; trabalhar em uma tabacaria é codificado como IND4726, a renda é representada por 100 códigos digitais diferentes; e ‘hemorragia pós-parto’ é O72.
Os dados aprendidos pelo algoritmo deram a capacidade de processamento necessária para fazer previsões sobre diversos aspectos da vida de alguém. Segundo Sune Lehmann, principal autor do estudo e professor da Universidade Técnica da Dinamarca, o life2vec conseguiu determinar o que as pessoas poderiam pensar, sentir ou se comportar diante de algo.
Previsão da morte
A previsão da morte das pessoas que foram analisadas pelo algoritmo foi realizada a partir de dados de janeiro de 2008 a dezembro de 2015 de um grupo de mais de 2,3 milhões de pessoas entre 35 e 65 anos de idade. Nesta faixa etária, é mais difícil prever o dia em que alguém vai morrer. A partir destes dados, o life2vec calculou probabilidades de alguém morrer quatro anos após 2016.
Os pesquisadores então escolheram 100 mil pessoas, em que metade sobreviveu e metade morreu. Os cientistas já sabiam quem havia morrido após 2016, mas o algoritmo não. Ao perguntar quais pessoas teriam morrido, o life2vec acertou em 78% das vezes.
O resultado aferiu que a maior probabilidade de morte ou ter diagnóstico de problemas com saúde mental, eram das pessoas do sexo masculino. Ocupar um cargo de gestão ou alto rendimento também contribuía para empurrar pessoas para a coluna da “sobrevivência”.
“Estamos trabalhando ativamente em maneiras de compartilhar alguns dos resultados de forma mais aberta, mas isso exige que mais pesquisas sejam feitas de uma forma que possa garantir a privacidade das pessoas no estudo”, disse Lehmann, professor de redes e sistemas complexos na Universidade Técnica da Dinamarca.
Futuramente os resultados do algoritmo serão disponibilizados ao público, mas leis de privacidade dinamarquesas tornam ilegal a utilização do life2vec para tomar decisões legais sobre indivíduos – como redigir apólices de seguro ou tomar decisões de contratação.