O desmentido feito em declaração prestada à portas fechadas aos deputados na Assembléia Legislativa do Estado (ALEAM) pelo empresário Francisco Dantas, dono das Dantas Transportes, ainda não trouxe totalmente tranquilidade a alguns agentes públicos e aos próprios deputados.
Isto porque, apesar de nesse depoimento dado aos deputados, desmentir suas próprias afirmações, uma investigação já foi iniciada e está em curso junto a Polícia Federal (PF).
Em primeiro depoimento prestado ao Ministério Público de Contas (MPC), Francisco Dantas denunciou o pagamento de propina a agentes públicos e deputados. O depoimento foi gravado em vídeo e foi o estopim do escândalo que derrubou o então secretário de Educação do Amazonas, Luiz Castro.
Com avanço das investigações não descartado de, em breve, uma operação ser deflagrada e que pode resultar em mandados de prisões e de busca e apreensão.
A respeito desse assunto, ontem, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) solicitou que o Ministério Público de Contas (MPC-AM), órgão auxiliar do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), entregue uma cópia do vídeo do depoimento do Francisco Dantas. Serafim exigiu ainda que o vídeo seja sem cortes ou edições. Para isso, o parlamentar apresentou um Requerimento à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) formalizando o pedido. O requerimento deverá ser ainda aprovado pelo plenário antes de ser encaminhado ao órgão.
“Esse depoimento foi vazado em pedaços para a imprensa e isso gerou um clima de constrangimento para o então secretário de Educação, Luiz Castro, que terminou pedindo demissão. Não precisa ser um investigador da polícia para saber de onde vazou esse vídeo, é o óbvio. Já aqui na Aaleam, ele (Francisco Dantas) disse que tudo aquilo que estava no vídeo (do MPC) era mentira. E aí? Morreu o assunto? A honra do Luiz Castro não vale nada? O governo ficou calado, o TCE-AM ficou calado, a Aleam ficou calada. Não, senhores! Não é por aí, por isso apresentei o requerimento”, disse Serafim durante discurso da tribuna da Casa.
O deputado defendeu ainda que após o TCE-AM entregar o arquivo original do depoimento, a presidência da Aleam disponibilize os vídeos dos depoimentos no Youtube.
“Repito, tanto o depoimento dado ao MPC quanto à Comissão de Educação devem ser publicados no Youtube para que a gente ponha um ponto final nessa história de você atentar contra a honra de alguém e depois ficar por isso mesmo. Existem muitas dúvidas se aquele CD não foi vazado unicamente para derrubar o Luiz Castro; depois que o derrubaram, ficou tudo resolvido e não se falou mais no assunto. Esse não é o caminho correto”, concluiu o deputado.
Entenda o caso
Há pouco mais de um mês, no dia 22 de agosto, o empresário que mantém contratos com o Governo do Amazonas desde 2011 na área de transporte escolar relatou ao MPC a existência de “agentes políticos” que cobravam “mensalinho” de R$ 20 mil por uma alegada influência na contratação de sua empresa. Já no dia 11 de setembro, em audiência na Comissão de Educação da Aleam, Dantas afirmou aos deputados que havia mentido ao procurador.