Morgan Spurlock, o cineasta por trás do documentário de sucesso “Super Size Me: A Dieta do Palhaço” (2004), morreu aos 53 anos por complicações derivadas de um câncer, anunciou sua família nesta sexta-feira (24).
Spurlock morreu em Nova York na quinta-feira “rodeado de familiares e amigos”, de acordo com um comunicado divulgado por seu assessor.
“Morgan doou muito por meio de sua arte, ideias e generosidade. O mundo perdeu um verdadeiro gênio criativo e um homem especial”, disse seu irmão, Craig Spurlock, na nota.
“Super Size Me”, que foi indicado ao Oscar de melhor documentário de longa-metragem, retrata a rotina e as mudanças físicas de Spurlock ao longo de um mês no qual ele se alimentou exclusivamente de comida da rede McDonald’s.
Mescladas com cenas do cineasta comendo, há detalhes sobre as técnicas publicitárias da gigante da ‘fast food’ para manter os clientes satisfeitos e o custo real para o consumidor, segundo especialistas em saúde.
O resultado do experimento foi que, naquele mês, ele engordou 12 quilos, seus níveis de colesterol dispararam e os médicos que o acompanhavam acabaram aconselhando-o a abandonar a dieta porque ele começou a desenvolver problemas hepáticos.
Esse filme engenhoso e ácido, que custou 65 mil dólares (cerca de 195 mil reais na cotação da época), ajudou a impulsionar uma mudança por parte das empresas de ‘fast food’ para incluir opções mais saudáveis em seus cardápios, em meio à crescente preocupação com as taxas de obesidade nos Estados Unidos.
Por meio de sua produtora Warrior Poets, Spurlock produziu e dirigiu quase 70 documentários e séries de televisão. Mas seu legado ficou manchado quando, no auge do movimento #MeToo em 2017, ele confessou ter cometido crimes sexuais.
Em uma carta aberta, ele admitiu ter assediado verbalmente e subornado uma assistente. Também revelou que foi acusado de estupro na universidade e que foi infiel a todas as suas esposas e namoradas.
Spurlock, que contou ter sido abusado sexualmente na infância e que teve problemas com álcool, disse que com suas declarações esperava “potencializar a mudança” dentro de si. “Todos deveríamos encontrar a coragem para reconhecer que temos culpa”, afirmou.
Fonte: Carta Capital