A crise na saúde pública do Amazonas ganha mais um capítulo preocupante com a redução drástica no número de médicos atuando no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. Após a entrada da Organização Social Agir, de Goiás, para gerir a unidade, apenas quatro médicos serão mantidos por plantão no hospital, uma redução de um terço da atividade, que era referência em ortopedia e cirurgias no estado.
A mudança ocorre em meio à saída das cooperativas médicas que administraram o atendimento na unidade por quase quatro décadas. O atendimento no Hospital 28 de Agosto agora está sendo reduzido em até um terço nos próximos meses, enquanto a nova administradora, a Organização Social Agir, tenta se estabelecer na unidade.
A transição tem sido marcada por atrasos nos pagamentos aos profissionais e incertezas sobre a continuidade dos serviços, especialmente no período de festas de fim de ano, tradicionalmente movimentado nos prontos-socorros.
ALERTA DA POPULAÇÃO E DOS MÉDICOS
Profissionais da saúde têm alertado que a situação pode levar a uma redução de até um terço na oferta de leitos e recomendam que a população evite recorrer ao hospital nesse período. A coordenadora do setor de ortopedia do 28 de Agosto destacou que, além da redução no quadro médico, houve denúncias de que profissionais contratados pela Agir estariam atuando sem a devida autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM-AM). “Ontem à noite fomos surpreendidos com altas de dez pacientes, que nem sequer possuía autorização provisória para atuar no estado. Isso é um risco inaceitável para a saúde pública,” afirmou a coordenadora.
R$ 31 MILHÕES ADIANTADOS, MAS PROBLEMAS PERSISTEM
A Agir já recebeu R$ 31 milhões adiantados para assumir a gestão do Hospital 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu, mas enfrenta críticas sobre a condução do processo e acusações de irregularidades em estados como Goiás. Empresas locais, que há meses denunciam atrasos nos pagamentos, foram excluídas do processo de contratação.
O deputado Wilker Barreto (Mobiliza) questiona a decisão de confiar a administração de unidades tão importantes a uma organização social de fora do estado. “Estamos entregando nossas vidas a quem nem conhece a realidade da nossa saúde. É um modelo que já se mostrou falho em outros estados e que não vai atender o povo do Amazonas”, declarou.
Fonte: CM7