Ministério das Relações Exteriores e a Embratur iniciaram estudos para trazer de volta ao Brasil cerca de 90 pessoas que estão impossibilitadas de sair da Venezuela por conta da pandemia do coronavírus. Em abril, o Itamaraty fechou suas representações no país, incluindo quatro consulados e a embaixada em Caracas, repatriando todos os funcionários que ainda prestavam atendimento a brasileiros no país de Maduro.
Sem integrantes do governo brasileiro para prestar apoio local, cidadãos aguardam uma posição de Brasília sobre a possibilidade de voltar para casa. Uma fonte diplomática relata que a demanda dos nacionais para retornarem ao Brasil aumenta por conta da crise humanitária no país, que dificulta o acesso a meios de hospedagem e comida. Para viabilizar o retorno dos brasileiros, o Itamaraty e a Embratur avaliam a possibilidade de pedir ajuda a algum organismo internacional. A Organização Internacional para as Migrações, agência da ONU, é cotada para prestar apoio.
Outra dificuldade para a operação será a grande dispersão geográfica dos brasileiros, espalhados por 12 estados do país vizinho, que, além de tudo, enfrenta escassez de combustível, o que complica os deslocamentos internos. Há, ainda, relatos de violência armada nas estradas. Na fronteira com Pacaraima, embora não exista previsão legal na Venezuela para impedir a saída de brasileiros, o Itamaraty foi informado que, na prática, nacionais não conseguem atravessar a divisa por causa do forte esquema de quarentena aplicado por Nicolás Maduro.
A situação na Venezuela é uma das mais delicadas entre as que ainda são tratadas pelo chamado Grupo Consular de Crise criado pelo Itamaraty. O ministério contabiliza cerca de 500 brasileiros espalhados pelo mundo ainda na fila de repatriações, mas fontes diplomáticas relataram a Crusoé que as embaixadas e consulados brasileiros no exterior não demandaram novos voos fretados para repatriações.
Na semana passada, 118 brasileiros retidos em diversos países da África desembarcaram em Campinas. Para viabilizar o retorno, o governo teve de organizar vários voos fretados dentro do continente africano, além de deslocamentos por terra, para reunir os cidadãos na capital de Gana, Acra, de onde o voo partiu para São Paulo.