Pesquisa de estudantes da EE Nossa Senhora de Nazaré está entre as dez melhores do desafio “Respostas para o amanhã”; votação para escolher o projeto vencedor está aberta até domingo (29/09)
Os peixes amazônicos são iguarias que conquistam turistas do mundo todo. O que poucos sabem, no entanto, é que esses animais possuem atrativos que vão além da gastronomia: eles podem, por exemplo, amenizar os estragos ao meio ambiente causados pelo descarte irresponsável de lixo. A descoberta foi feita por alunos da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, de Manacapuru, e figura, hoje, entre as dez finalistas da disputa “Respostas para o amanhã” – promovida nacionalmente pela Samsung, com coordenação geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
O projeto é resultado de uma pesquisa desenvolvida há três anos na unidade de ensino, que tem como base as escamas de aruanã e pirarucu. Observando a pouca reutilização da crosta desses peixes, na feira do município, os estudantes criaram a proposta de transformá-la em bandagens de curativos para pacientes diabéticos e em filtros orgânicos de cigarro. “São produtos novos, inovadores e que não existem em lugar nenhum”, afirmou o professor de Biologia e coordenador do projeto, Galileu Pires.
De acordo com o educador, tanto as bandagens quanto os filtros trazem benefícios não apenas a quem os utiliza, mas também ao meio ambiente. “As escamas possuem propriedades semelhantes às da pele humana e auxiliam no tratamento do diabético. Já o filtro orgânico de cigarro, além de reter um maior número de gases tóxicos que o sintético, decompõe-se bem mais rápido [dois meses]”, explicou.
Com o resultado, Galileu e os alunos da EE Nossa Senhora de Nazaré pensam em expandir a pesquisa. “Estamos com a ideia de produzir copos e canudos biodegradáveis a partir dessas escamas. Desta forma, caso sejam descartados nos rios, os peixes que se alimentarem desses itens não serão prejudicados”, acrescentou.
Ao todo, 15 estudantes da 1ª série do Ensino Médio participam do projeto. São eles: Steffany Mota de Souza, Vitória Karine Bastos de Souza, Lívia Eduarda Souza Soares, Luciana Souza de Souza, Larissa Sulyhe Oliveira dos Santos, Rayandra Ribeiro Barreto, Giovanna da Silva Frutuoso, Beatriz Carolyne Cruz de Araújo, Laura Ferreira Resende, Vitória Carrazzone Alvarado, Laura Lorrana Martins Pereira, Jordana Victoria Silva de Oliveira, Kamily Chrystine Vasques Rasori, Yanna Farias Bindá e Layna Roberta Correia de Araújo. A pesquisa é coassinada pelos professores Rosa Vasquez e Hemerson Brandão.
Votação – O projeto da EE Nossa Senhora de Nazaré está entre os dez finalistas da competição “Respostas para o amanhã”. No total, 7 mil projetos foram inscritos na disputa. “Essa classificação é muito importante, pois somos a única escola do interior do Amazonas a ficar entre os dez melhores [projetos]. Isso mostra o interesse pela pesquisa científica e o foco dos nossos alunos. Estamos muito felizes”, destacou o gestor da unidade de ensino, Salomão Alencar.
A votação está aberta para o público até domingo (29/09), por meio do link http://bit.ly/2mcp1gb. Caso sejam os vencedores, os estudantes de Manacapuru representarão o Brasil em uma etapa internacional da competição. “Estamos lutando muito por isso”, frisou Galileu Pires.
Efeito – Independentemente do resultado no “Respostas para o amanhã”, a pesquisa envolvendo as escamas de aruanã e pirarucu já teve um impacto positivo na EE Nossa Senhora de Nazaré. Segundo Galileu, o projeto se tornou uma “bola de neve do bem”.
“Essa pesquisou mudou completamente a rotina da nossa escola, que passou de padrão normal a uma unidade voltada à pesquisa científica. Por conta dela, hoje, temos outros sete projetos científicos e sociais desenvolvidos pelos alunos. Nós nos tornamos uma escola diferenciada”, finalizou o professor de Biologia.
Sobre a disputa – O prêmio “Respostas para o amanhã” é uma iniciativa da Samsung, com coordenação geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). A premiação, de abrangência nacional, busca estimular e divulgar projetos de investigação e experimentação científica e/ou tecnológica desenvolvidos por estudantes do Ensino Médio de escolas públicas.
Em sua sexta edição, a disputa enfatiza a abordagem STEM – sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática – para o ensino das Ciências. Trata-se de uma tendência em vários países do mundo, que desperta o interesse dos estudantes por essas áreas do conhecimento, assim como contribui para a sua formação, de modo que as carreiras científicas e tecnológicas sejam um dos seus possíveis projetos de vida.