Artigo
Arthur Virgílio Neto
O Ministério Público do Amazonas não para de me surpreender. Sua nota, de resposta ao que disse e reafirmo, veio sem a assinatura do procurador-geral. Ao fim do texto, bem genericamente, está lá: Procuradoria-Geral. Ou seja, a autoria fica no anonimato. Método diferente do meu, que ponho a cara em tudo que faço e digo.
Direto ao assunto: minha família tem sido perseguida inescrupulosamente, sim. Tudo visando me atingir politicamente. O Gaeco coage pessoas, tentando arrancar alguma declaração que possa me comprometer. E não se envolve a sério no tocante ao governador corrupto e ao senador negacionista. Verdade: mencionou, num esquisito PIC (procedimento investigatório criminal) que minha esposa seria proprietária de uma empresa. Mentira: embarcou na “criatividade” de uma cabeça doente que conheço bem. E houve arbitrariedades fora do Gaeco também.
Caro doutor Alberto, não há dúvida de que o órgão tem sofrido influências externas, nesse trabalho que só o diminui. Governador, senador, gente que não respeita a política justa… e que usa o nome do ministro Mauro Campbell como se ele fosse uma pessoa diferente do que sempre supus. Fui Relator dele no Senado e se, àquela altura, de alguma coisa dolosa eu desconfiasse, ele estaria em Manaus até hoje.
Juiz tem de obedecer à lei e não a tutores. Desembargador idem. Ministério Público, então, nem se fala. Digo-lhe com muita tristeza: o órgão que o senhor comanda está se tornando um instrumento de arbítrio em defesa de causas espúrias.
É de seu amplo conhecimento que se o posto de governador garante uma certa imunidade a Wilson Lima, o mesmo acontecendo com o senador Omar Aziz. É veraz também que os parceiros de ambos, em atividades perto ou dentro da delinquência, poderiam e deveriam estar sendo duramente investigados, pelo Gaeco ou por quem quer que seja do MPE-AM. Não cabe é a inércia que sugere intenção de levar à prescrição escândalos como assassinatos por asfixia, ventiladores – e não respiradores – adquiridos a preços superfaturados em casa de vinho, desvio de cerca de R$260 milhões na operação “Maus Caminhos”, o crime contra a juventude que foi o desvio de centenas de milhões que deveriam ter sido destinados à Cidade Universitária, chacinas e mais chacinas não investigadas para valer.
Uma curiosidade: o senhor considera normal Wilson Lima ter sido indiciado como chefe de organização criminosa pelo STJ e essa mesma Corte permitir que ele siga desgovernando o Amazonas? O ministro Mauro Campbell, monocraticamente, decidiu o afastamento do governador de Tocantins. Lá sim, no Amazonas não!
Finalmente, prezado doutor Alberto, saiba que não vou calar. Lutei para termos Ministérios Públicos independentes, logo, não aceitarei jamais o do Amazonas abastardado. A maioria das procuradoras e procuradores, das promotoras e promotores do Ministério Público Estadual é composta de gente correta. E quero dar como exemplo de correção a procuradora Silvana Nobre, como ela tem outros. Essa é a maioria, a minoria vai se ver comigo.
Não calei para os generais da ditadura, nem para falhas de presidentes do período democrático. Nenhum Torquemada é suficiente para silenciar minha voz. Hora da verdade! Nem o touro e nem o toureiro podem fugir da luta. Ditadura dentro da democracia, comigo vivo, NÃO!