
Em avaliação conjuntural, Fazendários alertam que arrecadação tributária poderá perder vigor se houver o desaquecimento das vendas do Comércio Varejista em razão da redução do poder de compra
Nesta terça-feira (22), o Sindicato dos Fazendários do Amazonas (SIFAM) alertou sobre o alto impacto no custo de vida da população amazonense resultante de fatores como a inflação dos alimentos e a majoração das despesas com transporte coletivo.
Custo de vida é uma série de gastos com moradia, alimentação, transporte, saúde, lazer, entre outros, sendo usado como referência para comparar o poder aquisitivo em diferentes cidades.
A avaliação do SIFAM traz como parâmetro a observação sistemática do Índice do Custo de Vida Colaborativo divulgado no site da Expatistan, no último dia 17 deste mês, que apontou que o custo de vida de uma família amazonense de quatro pessoas, gera uma despesa mensal estimada em R$ 13.338.
Ainda de acordo com o estudo da Expatistan, o custo mensal estimado para uma única pessoa, em Manaus, demanda atualmente algo em torno de R$ 6.304.
Sob uma visão crítica do atual momento do mercado local, o economista e presidente do SIFAM, Emerson Queirós, explicou que, historicamente, os itens transporte, alimentação e moradia são os que mais impactam no aumento do custo de vida no Amazonas.
Ele criticou a recente majoração na tarifa do transporte coletivo, que pode resultar em um desempenho menor da economia em um momento sazonal importante para as vendas do comércio varejista, setor que mais emprega e contribui para a receita estadual.
ICMS
No cruzamento dos dados oficiais da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-AM) com os números divulgados pela Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomercio-AM), é possível constatar que o setor de comércio de bens, serviços e turismo foi responsável por 70% dos empregos formais e 57,5% da arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Amazonas, em 2024.
“Os itens ‘alimentação’ e ‘transporte’ têm um peso considerável no custo de vida do amazonense. Se o orçamento familiar é comprometido nesses dois itens com o aumento das despesas, o consumidor tem uma tendência natural a se retrair, a comprar menos, o que impacta diretamente na arrecadação tributária”, enfatizou Queirós.
IPCA
Em sua avaliação, o presidente do SIFAM fez questão de ressaltar ainda que, quando acontece de haver, entre um ano e outro, uma variação do salário menor que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de uma faixa importante da população, essa parcela de consumidores perde o poder de compra, visto que os preços sobem mais que a sua renda.
No entendimento de Queirós, para se entender melhor o poder de compra da população amazonense, basta sabee que, se a inflação e o salário têm a mesma variação, o poder de compra é mantido. Se, porém, o salário não acompanha o aumento do custo de vida, o poder de compra diminui, notadamente em momentos sazonais de grande apelo comercial, como é o Dia das Mães, no próximo mês de maio.
“Na alimentação, a pessoa consegue fazer algumas escolhas, trocar alguns produtos por outros [para economizar]. Já no transporte, não há muita possibilidade de escolha em Manaus”, explicou o economista Emerson Queirós.
Cesta básica
De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o preço médio da cesta básica de alimentos em Manaus apresentou redução 6,3% em março.
Ainda assim, o preço médio dos 18 itens da cesta na capital amazonense juntos representam uma despesa de R$ 729,93. Esse ‘pequeno detalhe’ põe Manaus entre as sete capitais com mais valor alto no item alimentação.