Um bebê nasceu com uma cauda de quase seis centímetros, coberta de pelos, em uma maternidade do México. O caso foi divulgado por médicos na publicação científica Journal of Pediatric Surgery, destacando o choque da equipe que trabalhou no parto ao ver a formação rara da recém-nascida.
A mãe da criança deu à luz por uma cesárea feita no hospital Nuevo Leon, em Guadalupe. Tanto ela quanto o pai da menina têm idades na faixa dos 20 anos e não apresentam problemas de saúde, informaram os profissionais que estudaram o caso da anomalia “pouco frequente”.
Ainda segundo o relatório médico, a cauda de 5,7 centímetros saía da região do cóccix da menina, era “macia”, “coberta por pelos finos” e tinha uma extremidade “pontuda”. A equipe que acompanha o quadro, liderada pelo Dr. Josue Rueda, afirma que essa é a primeira ocorrência do tipo relatada no México.
Logo depois de a equipe perceber a anomalia na recém-nascida, os médicos passaram a fazer alguns experimentos sobre sua origem, percebendo que a recém-nascida chorava quando a cauda era espetada por uma agulha, indicando sensibilidade na região.
Apesar disso, um raio x feito pelos médicos não encontrou qualquer má-formação ou estrutura óssea fora do normal na menina. Depois de analisar 40 casos semelhantes já documentados pela ciência, a cauda foi considerada “benigna”, sendo composta majoritariamente de gordura e tecido.
Os médicos do hospital continuaram acompanhando o quadro e fizeram uma reavaliação dois meses após o nascimento, atestando que suas medidas e desenvolvimento estavam dentro do esperado para a idade. Além disso, a cauda diminuiu com o crescimento do bebê, chegando a apenas 0,8 cm.
Com a evolução, e após determinar que a remoção não causaria danos à pele da paciente, os profissionais cortaram a cauda e fizeram uma cirurgia plástica de reconstrução na região, usando tecido da própria criança, de acordo com um resumo do estudo feito pelo site científico The Science Times.
A mãe da criança, que não teve a identidade divulgada, teve uma gravideztranquila e um parto na semana esperada. A garota é a segunda filha de seus pais, que já tinham um menino, nascido sem nenhuma alteração.
Os pesquisadores relataram que 195 casos de humanos nascidos com “caudas” em geral já foram registrados na literatura científica, com a maior delas medindo 20 cm. Um em cada 17 bebês nascidos com a anomalia também apresentou algum problema no desenvolvimento mental ou ósseo, com maior incidência de atrasos em meninos.
Causas de “cauda verdadeira” variam
Um caso de “cauda verdadeira” registrado no Brasil em janeiro do ano passado virou estudo científico publicado em novembro do mesmo ano. Na ocasião, uma criança nasceu com características semelhantes às do bebê mexicano.
Na ocasião, ao falar sobre esse tipo de anomalia, o cirurgião pediátrico Humberto Forte, um dos profissionais que assinaram artigo no Journal of Pediatric Surgery Case Reports, explicou que essas alterações normalmente são defeitos neurológicos no desenvolvimento da medula espinhal.
“Uma cauda pode revelar a presença desses defeitos antes mesmo do paciente manifestar sintomas típicos. É essencial que o pediatra ou cirurgião pediátrico investigue a presença de disrafismo espinhal oculto em pacientes com suspeita de lesões cutâneas, pois podem ser a única anormalidade visível e o diagnóstico precoce pode prevenir a evolução para alterações neurológicas graves”, explicou.