Em um tour em Barretos (a 423 km de São Paulo) que contou com discurso na arena de rodeios da Festa do Peão de Boiadeiro, Jair Bolsonaro (PL) disse que não está fazendo política e que, “enquanto vivo estiver”, estará ao lado do povo, ignorando investigações das quais é alvo.
O ex-presidente esteve na cidade para receber um título de cidadão honorário aprovado pela Câmara Municipal no início do mês, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de secretários e deputados.
Bolsonaro entrou no estádio por volta das 20h e ficou uma hora no local. Apareceu algumas vezes no telão, citado por apoiadores –dentre eles o locutor de rodeios e amigo Cuiabano Lima– e foi ovacionado pelo público que lotava as arquibancadas.
O ex-presidente se aproximou do compartimento dos animais, acabou se desequilibrando, caiu e foi rapidamente levantado por aliados. Após brincar próximo do local de onde partem as montarias, discursou.
Tarcísio disse que estava feliz por ser acompanhado de Bolsonaro, “que abriu todas as portas, foi muito importante para mim, um grande amigo”, e passou o microfone ao ex-presidente. Recentemente, o governador de São Paulo realinhou o discurso com a direita conservadora após episódios de tensão entre ele e sua base bolsonarista, incluindo o ex-presidente.
“Fizemos o possível, entregamos, infelizmente, o Brasil bem melhor do que recebi lá atrás. Digo infelizmente em vista de quem assumiu. Nós não estamos aqui fazendo política, o Brasil é de todos nós”, disse Bolsonaro, declarado inelegível no fim de junho pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No rancho Ponto de Pouso, dentro do Parque do Peão, onde recebeu o título de cidadão honorário, Bolsonaro criticou em um breve discurso a Reforma Tributária, que em sua avaliação é prejudicial ao agronegócio. Disse que seu partido espera resolver isso no Senado.
Ele ignorou ações e investigações das quais é alvo, como o caso das joias, que o levará a um depoimento simultâneo na Polícia Federal com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras autoridades.
Também passaram ao largo a operação contra seu filho 04, Jair Renan Bolsonaro, relacionada a um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, e as declarações do programador Walter Delgatti Netto, o hacker da Vaza Jato, sobre sua atuação em suposto esquema de descredibilização do sistema eleitoral para o pleito passado.