A primeira prova do CNU (Concurso Nacional Unificado), chamado de “Enem dos concursos”, será aplicada no domingo (18), em todo o país. As provas foram marcadas inicialmente para 5 de maio, mas foram adiadas por causa das chuvas no Rio Grande do Sul.
2,14 milhões
é o número de pessoas inscritas no Concurso Nacional Unificado
Criado em 2023 pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, dirigido pela ministra Esther Dweck, o modelo mudou a forma de recrutamento de servidores federais, que antes era descentralizado, para uma aplicação simultânea de provas em todos os estados e no Distrito Federal.
Neste texto, o Nexo reúne as principais informações sobre a prova e mostra o que fazer nos dias que antecedem o exame.
O que é o CNU
O “Enem dos concursos” vai selecionar candidatos para 6.640 vagas em 21 órgãos públicos federais, como ministérios, fundações, autarquias, agências reguladoras e institutos de pesquisa. Será aplicado em 228 municípios brasileiros que têm mais de 100 mil habitantes.
O objetivo, segundo o ministério, é democratizar o acesso às vagas do serviço público, pois é mais prático e barato para a população realizar o exame na sua própria cidade ou em um município vizinho.
56%
dos candidatos do Concurso Nacional Unificado são mulheres, e 44% são homens. Por faixa de renda, mais da metade recebe até R$ 4.200 mensais
As provas são divididas em oito blocos temáticos, sendo sete para nível superior e um para nível médio. Na inscrição, o candidato já selecionou o bloco temático e indicou a ordem de preferência entre as carreiras que aparecem em cada uma das áreas. A elaboração e aplicação da prova é de responsabilidade da Fundação Cesgranrio.
Tempo de prova
MANHÃ
A aplicação do CNU começa às 9 horas. Durante a manhã, os candidatos têm 2h30 de prova. Os de nível superior vão responder 20 questões objetivas de múltipla escolha de conhecimentos gerais e uma dissertativa de conhecimento específico. Os de nível médio, 20 questões de múltipla escolha e uma redação.
TARDE
A segunda parte da prova começa às 14h30. Os candidatos têm até 3h30 para finalizar o exame. Os de nível superior vão responder 50 questões objetivas de múltipla escolha de conhecimentos específicos. Os de nível médio, 40 questões gerais de múltipla escolha.
O tempo mínimo de permanência na prova, em ambos os turnos, é de duas horas. Candidatos que saírem antes serão eliminados. Os resultados dos exames objetivos e os preliminares dos discursivos e da redação serão divulgados no dia 3 de junho de 2024. No dia 30 de julho, sai o resultado final. As convocações para a posse dos aprovados e cursos de formação iniciam em 5 de agosto.
Segundo o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, 5% do total de vagas é reservado para pessoas com deficiência e 20% para candidatos negros. Nas vagas disponíveis para a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), 30% dos postos são para candidatos de origem indígena.
Preparação na véspera
Segundo o professor de atualidades Rodolfo Gracioli, do Estratégia Concursos, o ideal para ter sucesso em concursos públicos é um trabalho de estudo em longo prazo, mas ele afirma que toda estratégia de preparação é válida, mesmo que isso ocorra poucos dias ou até mesmo minutos antes da prova.
“Horas antes da prova, nós trabalhamos com memória curta, que funciona muito bem. Alunos meus já fizeram uma leitura na porta da prova e usaram em uma pergunta. Talvez a pessoa não lembre que 55% das pessoas no Brasil são pretas e pardas segundo o último Censo, mas se ela ler essa informação um pouco antes, com certeza vai lembrar na hora da prova [por exemplo]”, disse ao Nexo.
A orientação de Gracioli é usar os dias e horas finais para fortalecer conteúdos com os quais os candidatos têm uma familiaridade maior. Nos temas de fragilidade, o ideal é não tentar aprender de última hora e usar resumos ou mapas mentais como atalho para absorver alguma informação.
Com base no edital do concurso e com provas anteriores da Fundação Cesgranrio, Gracioli afirma que os candidatos podem esperar questões e redação que envolvam a realidade brasileira, políticas públicas e grupos minoritários. “O que leva a esperar assuntos como pessoas em situação de rua, LGBTI+, pautas relativas à mulher e pessoas idosas.”
Outros temas que devem aparecer são os relativos ao meio ambiente – algo que a Cesgranrio, de acordo com Gracioli, gosta de trazer nas provas.
Por isso, o professor orienta que os candidatos leiam ou releiam nesses últimos dias os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos em um acordo firmado em 2015 pelos 193 países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas), voltados a grandes desafios globais. “Essa leitura soma muito nesta reta final para o candidato entender que o conceito de desenvolvimento é social e econômico”, disse.
Debate sobre inteligência artificial, uso de deep fakes no contexto eleitoral e os desafios atuais do mundo do trabalho são outros temas fortes que precisam estar no radar dos concurseiros, segundo o professor. Gracioli aponta, ainda, palavras, expressões e conceitos que são coringas e que geram bons resultados na prova de redação, tais como: cidadania, democracia, equidade, justiça social e pluralidade.
No dia da prova
A gestão do tempo de prova é uma das habilidades geralmente trabalhadas por concurseiros em simulados, afirma Rodolfo Gracioli. Um dos ensinamentos é não passar muito tempo tentando resolver uma questão.
“É natural empacar em uma pergunta ou outra, mas não queira vencer por ego, senão a prova fica prejudicada como um todo, porque isso faz com que a pessoa fique mais cansada e confusa. No final, se sobrar tempo, o candidato retorna para a pergunta que não conseguiu resolver”, disse o professor.
É ideal reservar entre 1 hora e 1h20 para a redação (candidatos do bloco 8) e para a questão discursiva (bloco 1 ao 7). “É preciso ficar atento aos avisos do fiscal de prova, que alerta o tempo que passou, e ter uma visão geral do exame para gerir bem o tempo”, afirma Gracioli.
De acordo com o edital do concurso, no dia da prova é obrigatório:
Apresentar documento oficial com foto. Candidatos podem utilizar versões digitais como a CNH, RH ou e-Título. Não serão aceitas cópias de documentos, mesmo autenticadas, e nem fotos dos documentos, mesmo que estejam na galeria do telefone.
O Ministério da Gestão recomenda levar o cartão de confirmação, que tem número da inscrição, data, hora e local de prova, além de registrar necessidade de atendimento especial ou tratamento por nome social.
Caneta preta transparente é a única que pode ser utilizada. Canetas não serão fornecidas. É recomendável ter canetas reserva em mãos.
Alimentos e água são permitidos. A embalagem dos alimentos precisa estar lacrada, e a garrafa de água precisa ser transparente.
No local da prova é proibido:
Portar ou usar durante a prova aparelhos eletrônicos, como celulares, gravadores, fones de ouvido, pendrives e agendas eletrônicas. Livros, chaves com alarme e anotações também são vetados. Esses materiais devem ser colocados em um envelope porta-objeto, que será fornecido pela Fundação Cesgranrio, e guardados embaixo da carteira.
Celulares e quaisquer outros aparelhos eletrônicos não podem ficar ligados durante a prova. Alarmes precisam ser desativados antes que os aparelhos sejam desligados.
É proibido usar relógio, boné, gorro, óculos escuros e protetores auriculares.
Os candidatos não podem levar o caderno de provas para casa, de nenhum dos turnos, por medida de segurança.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos tem uma página que reúne todas as informações sobre o concurso.