Psicóloga que mora no mesmo prédio onde vivia Luiz Marcelo Antônio Ormond conta que estranhou mudança no comportamento dele. Polícia suspeita que ele tenha sido envenenado com um brigadeirão.
Uma vizinha esteve no elevador com Luiz Marcelo Antônio Ormond pouco tempo antes do empresário morrer. Ela entrou no elevador com ele e Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada e principal suspeita da morte, segundo as investigações da polícia.
Depois de embarcar no elevador, a psicóloga Juliana Viana desceu até o térreo e o casal ficou no playground do edifício.
“Eu entrei, cumprimentei os dois, e perguntei como ele estava. Ele disse que estava bem e perguntou da minha avó e respondi. Só que ele não estava como de costume: feliz, com um sorriso na cara, feliz, como sempre falava comigo. Ele estava aéreo, com o olhar distante, meio triste, não sei dizer ao certo”, afirmou a vizinha.
A Polícia Civil investiga a morte de Luiz desde o dia 20 de maio, quando o corpo dele foi encontrado dentro do apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio. O cheiro chamou a atenção de vizinhos, que acionaram o socorro. Júlia é considerada foragida da Justiça.
A defesa de Júlia não foi localizada pela TV Globo.
O laudo da necrópsia não determina a causa da morte, mas indica que o perito identificou pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo. Os investigadores suspeitam que ele tenha sido assassinado com um brigadeirão envenenado.
O laudo aponta que o corpo de Luiz Marcelo estava em avançado estado de decomposição e que a morte aconteceu entre três e seis dias antes de ser encontrado. A necropsia não determinou a causa da morte.
Júlia chegou a prestar depoimento sobre o caso. De acordo com a polícia, ela foi fria e disse que Luiz havia servido o café da manhã dela na segunda de manhã, o que é impossível, de acordo com a necropsia.
“A motivação é econômica. Nós temos elementos de que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, nos parece que a vítima desistiu. Então, isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada”, afirmou o delegado Marcos Buss, responsável pelas investigações.
Investigações
Duas pessoas foram presas até o momento. Uma delas é Suyany Breschak que, de acordo com as investigações, é cúmplice de Júlia e sabia do crime. Ela se apresenta como cigana e é apontada como mentora espiritual de Júlia.
Em depoimento, ela contou que ficou sabendo do crime pela própria Júlia, que disse que usou lençóis e cobertores para enrolar o corpo e ligou ventiladores para minimizar o cheiro que estava no apartamento onde ela havia matado Luiz Marcelo.
Segundo Suyany, um dia após o crime, Júlia ligou um ventilador na direção do sofá onde o corpo estava pois “estava fedendo demais”. A namorada do empresário ainda teria usado água sanitária para lavar o apartamento, já que até urubu estava aparecendo na janela.
Ainda de acordo com o depoimento, Júlia teria admitido que colocou 50 comprimidos de um remédio para dor, moídos em um brigadeirão e dado para o empresário comer. Ela consumiu o doce, mas em um outro prato que estava sem a substância.
Suyany disse que o casal se conhecia havia cerca de 10 anos e que Luiz já sabia que a jovem era garota de programa, pois foi assim que a conheceu na internet.
O advogado dela nega a participação no crime.
“Ela está sendo acusada injustamente. É inocente e isso será comprovado na fase processual”, afirmou Cleison Rocha, que defende Suyany.
Um amigo de Suyany que ficou com o carro e o computador de Luiz também foi preso em flagrante por receptação. O namorado dela também é investigado. Ele disse que ouviu áudios e telefonemas de Júlia dizendo que ela dava remédios tarja preta para dopar Luiz Marcelo.
A namorada conviveu com o cadáver durante todo o fim de semana. Segundo a polícia, para roubar a vítima. Com o homem já morto, ela circulou várias vezes pelo prédio.
Cheiro forte
Em depoimento à polícia, o síndico do prédio contou que, no dia 20 de maio recebeu uma ligação da portaria do condomínio dizendo que havia um cheiro muito forte de algo podre vindo do andar onde o empresário morava e que os moradores estavam reclamando.
Foi o síndico que tomou a decisão de chamar o Corpo de Bombeiros. Assim que a porta foi arrombada, veio a confirmação da morte do morador:
“Tá morto. Sentado no sofá. Não entra porque parece cena de crime”, disse o bombeiro para o síndico.
O síndico confirmou que as janelas estavam abertas, inclusive a porta de vidro da varanda. O ventilador de teto estava ligado, assim como outro ventilador de chão, posicionado de frente para o corpo da vítima.