Ana Carolina Oliveira criticou nesta terça (12) ao programa Encontro a decisão judicial que dará benefício ao pai de Isabella: ‘Como mãe e até em memoria da minha filha. A gente sabe que vai acontecer, mas não espera que isso aconteça’. Vítima foi morta em 2008 em São Paulo.
Eu me sinto ofendida”, disse Ana Carolina Oliveira, a Carol, mãe de Isabella Nardoni, sobre Alexandre Nardoni, condenado por matar a filha deles em 2008 em São Paulo, poder sair da cadeia em abril. A declaração dela foi dada nesta terça-feira (12) ao Programa Encontro da TV Globo.
“Como mãe e até em memoria da minha filha. A gente sabe que vai acontecer, mas não espera que isso aconteça”, falou Carol.
Alexandre deverá receber a partir do dia 6 no próximo mês a autorização da Justiça paulista para progredir da prisão em regime semiaberto para o aberto. Isso será um dia após Carol fazer 40 anos. Ela nasceu em 5 de abril.
“Um dia depois do meu aniversário”, disse ela. “Sabendo tudo que aconteceu, sabendo essa história, vivendo esse luto, eu me sinto bem triste.”
Carol atualmente é bancária, está casada e tem dois filhos: um menino e uma menina.
Nesta semana, o pai de Isabella também deverá deixar temporariamente a penitenciária masculina em Tremembé, interior paulista, onde cumpre a pena de 30 anos pelo assassinato de Isabella. Como está no regime semiaberto, Alexandre tem direito às saídas temporárias previstas na lei. Depois tem de voltar para a prisão. Ele tem 44 anos atualmente.
Graças a Deus a Justiça na época foi feita e eu tive essa oportunidade porque a gente sabe quantos casos hoje isso não acontece. Mas é bem pouco tempo 16 anos pro tamanho do crime que aconteceu. E saber que minha filha não vai voltar, saber que minha filha não tem essa oportunidade. Ela não vai voltar, ela não vai viver”, falou Carol.
Jatobá foi solta
Imagem de arquivo – Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabela Nardoni, em saidinha temporária em 2019. —
A madrasta de Isabella e esposa de Alexandre, Anna Carolina Jatobá, foi condenada a 26 anos de prisão pela morte da enteada. Em junho do ano passado, Jatobá também havia conseguido na Justiça o benefício da prisão em regime aberto.
modelo aberto de prisão estabelece que a pessoa condenada cumpra o restante da pena em sua casa, devendo trabalhar durante o dia, não sair à noite e nos dias de folga, e fica proibido de sair da cidade onde está morando. Além disso tem de comparecer regularmente a um fórum para comunicar e atualizar informações sobre sua atividade profissional.
“Não tenho muito o que falar. Triste a decisão. Lamentável saber que nossa lei dá esses direitos”, havia dito Carol, ao g1 em 2023, sobre a decisão da Justiça que deu o regime aberto a Jatobá. A madrasta de Isabella também tem 39 anos.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do casal Nardoni para comentar o assunto.
O crime
Ana Carolina Oliveira e a filha Isabella Nardoni; ao lado, Anna Carolina Jatobá, presa e condenada por assassinar a enteada em 2008 —
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada morta no Edifício London, na Zona Norte da capital paulista. Para a Polícia Civil, que investigou o caso como homicídio e não como uma queda acidental, Jatobá e seu marido, Alexandre, pai da criança, mataram a menina. A mãe dela, Carol, morava em outro local e havia deixado a filha passar alguns dias com o ex-marido.
Segundo o Ministério Público (MP), Jatobá e Alexandre agrediram e mataram Isabella dentro do apartamento. De acordo com a acusação, a madrasta esganou a menina e o pai jogou o corpo da filha do sexto andar em 29 de março de 2008. Eles foram acusados ainda de cortarem a tela de proteção da janela para fazer isso.
Os dois acusados sempre negaram o crime, mas foram presos logo depois. Jatobá e Alexandre alegavam que uma outra pessoa não identificada pode ter invadido a residência e matado a garota quando eles não estavam no imóvel. Essa suposta ‘pessoa’ nunca foi localizada pela investigação.
Em 2010, Jatobá e Alexandre, que ficaram conhecidos como o casal Nardoni, foram julgados e acabaram condenados pela Justiça.
Alexandre lê livros
Caso Nardoni: 15 anos após o crime, como estão os condenados pela morte da menina Isabella — Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo e Luiza Veneziani/g1/Arquivo
Alexandre conseguiu a progressão de regimes, do fechado para o semiaberto e alcançará o aberto, por causa do trabalho que faz na prisão. Ele também leu livros, o que contribuiu para obter o benefício.
Jatobá trabalhou como costureira na penitenciária. Desse modo, conseguiu reduzir a pena e depois sair do regime fechado, passar para o semiaberto e chegar ao aberto. Pessoas que a conhecem disseram que ela planeja manter o relacionamento com o marido Alexandre, fazer um curso de moda e abrir um ateliê de costura.