O camu-camu, a pupunha e o açaí-do-amazonas são frutos nativos da região amazônica, em processo de domesticação. A produção de frutos e as condições ambientais são favoráveis para a expansão de mercado. Entretanto, a inexistência de variedades definidas tem sido o maior gargalo para o desenvolvimento desses cultivos, é o que aponta uma pesquisa desenvolvida com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação e Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O estudo “Melhoramento participativo de camu-camu, pupunha e açaí-do-amazonas para uso imediato na Amazônia Central” utilizou ensaios já instalados, em áreas de agricultores de Coari e Codajás, e na Estação Experimental do Inpa em Manaus, para avançar no melhoramento dos frutos, a fim de disponibilizar sementes e mudas de qualidade para produtores e agricultores familiares, por meio do desenvolvimento de um programa de melhoramento genético para dar resposta imediata.
De acordo com a coordenadora do estudo, a pesquisadora Sonia Sena Alfaia, do Inpa, com a propagação clonal do camu-camu por enraizamento de estacas foi possível aumentar a quantidade de plantas matrizes selecionadas das diferentes procedências, com alto conteúdo de vitamina C e antocianinas.
A segunda seleção de plantas de pupunha e açaí-do-amazonas para uma alta produção de frutos com melhores características atenderá às exigências do mercado consumidor.
Além disso, o estabelecimento de novos ensaios de progênies de pupunha e açaí-do-amazonas melhoradas nas áreas dos produtores permitirá aos mesmos produzir sementes selecionadas, para realizar novos plantios nas áreas de outros agricultores de seus municípios.
Segundo a coordenadora, tanto os produtores de Coari, quanto de Codajás, já podem oferecer sementes e mudas de melhor qualidade por um melhor preço.
“Em Codajás por exemplo, já existem empresários interessados na compra de mudas de açaí e, novas sementes foram coletadas das matrizes selecionadas, para preparo de novas mudas”, frisou Sonia Alfaia acrescentando que o projeto tem incentivado o plantio de açaí em consórcios agroflorestais, pois são mais adaptados ao ambiente amazônico.
Capacitação
No primeiro semestre de 2023, os agricultores que participam do projeto devem passar por um processo de capacitação em agricultura orgânica. Cerca de 600 produtores de pupunha e de açaí dos municípios de Codajás e Coari devem ser beneficiados diretamente.
Amazonas Estratégico
O estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa Amazonas Estratégico, da Fapeam, que contribui para a ampliação e fortalecimento da produção, processamento industrial e comercialização de frutas, a partir do desenvolvimento científico e tecnológico, visando alavancar a economia do interior do estado do Amazonas.
FOTOS: Érico Xavier/Fapeam