A Fundação Oswaldo Cruz, por intermédio da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), integrará o programa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) para viabilizar a produção de água potável em comunidades escolares do semiárido. A atuação da Fiocruz, coordenada pela pesquisadora Debora Cynamon Kligerman, consistirá na avaliação dos impactos na saúde da disponibilização da água atmosférica para as comunidades beneficiadas.
A Metodologia de Avaliação do Impacto empregada pela ENSP considerará as dimensões sanitária, ambiental, tecnológica, mental, sociocultural, epidemiológica e econômica da viabilização da água no semiárido. O projeto será aplicado em escolas da região, cuja escolha será baseada em critérios de exposição e sensibilidade à seca, risco à saúde e presença de programas parceiros do ministério.
“Os parâmetros para medirmos os benefícios de um programa consistem na quantidade e na qualidade dos sistemas implantados a partir dele. A ideia não é medir saúde como ausência de doenças, mas analisar toda uma cadeia a partir do benefício da água, considerando a segurança alimentar, inclusive. O trabalho desenvolvido por nós envolve o antes, o durante e o depois do emprego dessa tecnologia”, detalhou a pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Fiocruz.
O equipamento cedido pelo governo de Israel produz até 900 litros de água por dia, de acordo com a umidade relativa do ar e a temperatura da região. Á água produzida é de extrema qualidade e sua aplicabilidade será direcionada para o consumo humano, escovação de dentes, lavagem de mãos, produção e preparação de alimentos.
Conforme afirmou o coordenador do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Daniel Chang, cabe ao ministério buscar alternativas e tecnologias que possam prover soluções para a população do semiárido, principalmente no que tange à segurança hídrica, energética e alimentar. “A tecnologia da água atmosférica é muito interessante porque é usada onde não se tem uma rede integrada de captação. Ela consegue retirar água da umidade do ar, passar por um processo de filtragem e mineralização para ser ofertada”, detalhou.
A parceria com a Fiocruz, segundo ele, será estratégica pela possibilidade de avaliar os impactos da provisão de água de modo amplo. “Por que procuramos a Fiocruz? Trata-se de uma instituição parceira de longa data, com muita experiência na questão da saúde, principalmente pela metodologia que avaliará o impacto sistêmico, multidimensional, da oferta de água de boa qualidade”, alegou.
O ministério está realizando oficinas e atividades de sensibilização e explicação junto aos alunos sobre higiene pessoal, higiene bucal e também com os responsáveis pela elaboração dos alimentos na escola. Gustavo Pottker, também integrante da equipe do projeto no MCTIC, espera que os impactos da tecnologia sejam mensurados e provoquem resultados positivos na saúde das pessoas. “Trabalhar com escolas é estratégico, justamente pela possibilidade de o aluno replicar o conhecimento em casa. Então, é uma forma de gerar multiplicadores. A escola é um espaço estratégico”.
Na Fiocruz, além da coordenação da pesquisadora Debora Cynamon Kligerman, participam da iniciativa as pesquisadoras Simone Cynamon Cohen, Telma Abdalla de Oliveira Cardoso e Deborah Chein Bueno de Azevedo.
Fonte: Fiocruz