Índio Pankará de 17 anos conquista o primeiro lugar para Medicina na Universidade de Brasília (UnB). O jovem afirma que não será fácil sair do aconchego da sua família e se afastar um pouco da sua cultura, mas acredita que irá vencer porque está representando o seu povo.
O estudante João Emanuel Lopes Pereira Basto, de 17 anos, conquistou o primeiro lugar para Medicina na Universidade de Brasília (UnB). Índio do Povo Pankará da Serra do Arapuá, em Carnaubeira da Penha, no interior pernambucano, ele ingressará no primeiro bimestre deste ano.
Seus pais estão entre as maiores lideranças indígenas do Nordeste. São eles o cacique Ary Pankará e a índia Luciete Pankará. Mais uma conquista e fruto da luta dos povos indígenas de Pernambuco.
Os Povos Pankará permanecem distantes geograficamente dos grandes centros e cada tribo goza de cultura própria, embora estejam unidos na mesma luta: a preservação e manutenção do seus territórios, das suas culturas e costumes.
O guerreiro Pankará João Emanuel afirma que não será fácil sair do aconchego da sua família e se afastar um pouco da sua cultura, mas com as “forças dos encantos de Luz”, irá vencer, até porque ele estará representando seu povo.
Ciências Sociais
A estudante Jakeline Maria de Jesus Santos, de 25 anos, também alcançou o primeiro lugar na Universidade de Brasília (UNB). Índia do povo Indígena Pankararu, que mora na Aldeia Brejo dos Padres, Tacarutu-PE, Jakeline passou para o curso de Ciências Sociais, no bimestre 2020. Ela é filha de dona Maria Lúcia de Jesus e seu Arnaldo José dos Santos.
Jakeline é agente de saúde na sua aldeia, tem um serviço prestado à frente da comunidade, seja na vida profissional, oferecendo seu belíssimo trabalho na área da saúde, seja como uma guerreira, nos movimentos do seu povo.
A jovem participa diretamente do ritual Pankararu, mas está deixando seu emprego para ir atrás do seu sonho. Sonho de poder servir ainda mais ao seu povo através da educação.
Povos indígenas Pankará
Até dezembro de 2002, os índios que habitam a Serra do Arapuá utilizavam várias categorias identitárias e metafóricas para reafirmar sua distintividade étnica, como “caboclo”, “caboclo-índio”, “braiado”, “pego a dente de cachorro”, “tronco velho”, etc. Ao deflagrarem seu processo de reorganização social e étnica, no início de 2003, passaram a adotar o etnônimo Pankará da Serra do Arapuá.
Assim como os demais povos indígenas na região, à exceção dos Fulni-ô, os Pankará são falantes do Português. Contudo, no seu universo linguístico apresentam uma série de discursos, palavras e metáforas, que constituem o universo semântico do português falado na Serra do Arapuá. No geral não difere do discurso étnico encontrado entre os demais povos indígenas no Nordeste.
Fonte: correio do Brasil