Funcionários reclamam de tratamento diferenciado entre setores do Grupo e de salário milionário do apresentador Sikêra Jr.
Jornalista e profissionais que integram as redações do Jornal A Critica, Manaus Hoje e Porta A Crítica, que integram o Grupo Calderaro de Comunicação, tomaram a decisão de paralisar as atividades por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (07.09), até que o pagamento seja regularizado.
As informações prestadas por funcionários e confirmadas pelo Sindicato dos Jornalistas é que os atrasos chegam a quatro meses e muitos profissionais enfrentam dificuldades para pagar contas, compromissos, e terão ajuda de cesta básica.
Os profissionais reclamam ainda do tratamento injusto dado aos funcionários pois enquanto funcionários da TV A Crítica recebem em dia, inclusive o apresentador Sikêra Jr que chega a receber o salário milionário de R$ 500 mil, os demais estão com seus vencimentos atrasados.
O Sindicato dos Jornalistas se posicionou em por meio de Carta Aberta à Sociedade:
CARTA ABERTA À SOCIEDADE: Jornalistas são trabalhadores e seres humanos: precisam ser tratados como tal.
Tomar a decisão de greve não é um caminho fácil. É preciso coragem, união e consciência do seu papel e seu valor na sociedade, bem como da crença no coletivo, de que a decisão deve beneficiar a todos e todos devem estar dispostos a lutar por isso.
O direito ao salário em dia não é um favor que se faz ao empregado, mas a remuneração, nem sempre justa, pelo tempo e suor empregados no negócio do patrão. O trabalhador é que faz o negócio funcionar. No caso do jornalismo, não há notícia sem um profissional capacitado por trás.
Embora possam existir dificuldades relacionadas ao modelo de negócio e ao mercado em si, entendemos que não pode haver falta iniciativa e boa vontade em procurar soluções. “Empurrar o problema” ao longo dos anos não é sinal de quem busca solução. Atualmente A Crítica é o único veículo em Manaus com atraso no pagamento de folha salarial.
E se não há o interesse pela busca é porque não há necessidade batendo à porta, pelo menos na porta do patrão. Ao trabalhador, que somente detém sua força de trabalho, restam dívidas, desespero, noites sem dormir, vergonha, humilhação, indignidade. O resultado disso é incalculável: depressão, ansiedade, entre outras doenças psico-emocionais que acometem uma categoria já fragilizada por todo o contexto de ataques vivenciados neste século XXI.
E sua parte, os profissionais nunca faltaram com o cumprimento de seu dever, da jornada de trabalho, acumulando, inclusive, horas a mais no sistema home office e assumindo custos como energia e internet durante a pandemia, sem qualquer tipo de auxílio e ainda privados do salário regular. Muitos enfrentaram a doença na família e alguns chegaram até mesmo a contrair o novo coronavírus. De repente, viram-se desamparados, sem ter com que negociar o próprio tratamento de saúde, uma vez que o plano existente foi retirado pela empresa, bem como outros tantos benefícios ao longo dos anos. Nem mesmo seu compromisso e suor são garantias de sobrevivência do trabalhador.
Chegar a este ponto de decisão é encontrar forças, apesar da exaustão, para seguir lutando, resistindo e, acima de tudo, mantendo a dignidade de gritar que se é ser humano.
Com base neste entendimento inadiável de que há um direito sendo desrespeitado, as redações dos jornais A Crítica, Manaus Hoje e do Portal A Crítica, que integram o Grupo Calderaro de Comunicação, tomaram a decisão de paralisar as atividades por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (07.09), até que o pagamento seja regularizado.
Atualmente, a categoria acumula dois meses de salário em aberto. Até semana anterior, alguns jornalistas estavam há quase quatro meses sem receber pagamento pela jornada cumprida. Esta é uma prática abusiva que vem se estabelecendo desde 2017 por parte da empresa, negligenciando seu dever básico trabalhista, inclusive em relação às férias dos funcionários.
Além disso, a cada novo atraso, a empresa determina novo prazo e descumpre, deixando o trabalhador totalmente à mercê da boa vontade do patronato.
Como constante sinal de desrespeito, também descumpre protocolos básicos de segurança sanitária dentro da própria empresa: na fornece equipamento primordial como máscaras e deixa de fiscalizar funcionários de outros setores que circulam se o uso do equipamento, obrigatório por lei municipal, dentro da redação.
Por mais respeito, pela dignidade do trabalho jornalístico e pela valorização do ser humano trabalhador, dizemos: AGORA É GREVE!
Manaus-AM, 06 de Setembro de 2020