No mês passado, a própria Justiça mandou soltar o delegado e três policiais civis que estavam presos suspeitos do crime.
A Justiça do Amazonas decretou, nesta segunda-feira (22), a prisão do delegado Ericson de Souza Tavares, suspeito de cometer extorsão. O pedido foi feito pelo Ministério Público na semana passada, após ele publicar nas redes sociais um com gesto obsceno e palavrões.
No mês passado, a Justiça já havia mandado soltar o delegado e três policiais civis que estavam presos suspeitos do crime. No entanto, após a soltura, o MP informou que o delegado publicou o vídeo onde “zomba” da situação, o que motivou o órgão a pedir a prisão dele novamente.
No documento, a procuradoria também pediu que ele seja afastado do cargo.
“No vídeo, o Paciente, além de cantar funk e usar palavrões, mostra o dedo do meio e zomba da situação que levou à sua prisão. A atitude do agente causou indignação entre os internautas, que consideraram a ação um desrespeito às investigações e às vítimas dos crimes de extorsão e sequestro pelos quais ele e outros policiais foram acusados”, disse o MP.
Ainda segundo o MP, o delegado detém poder de influência e que faz parte de uma “associação criminosa” e que estando em liberdade, pode trazer riscos à sociedade ou ordem pública.
“Não se pode ignorar o fato de que Ericson de Souza Tavares é delegado da Polícia Civil, o qual detém poder e influência inerentes ao cargo público. Tal circunstância somada à publicação de vídeo nas redes sociais, em que escarnece do Poder Judiciário, cria medo nas vítimas e frustração nos agentes públicos que procederam à prisão do ora Paciente, temendo, inclusive, pelo êxito da sequência da investigação”, alegou o MP.
O caso
A prisão em flagrante dos agentes ocorreu no dia 23 de março, após denúncias anônimas. Ao todo, 11 pessoas foram presas. Entre elas, o delegado Ericson de Souza Tavares, então titular do 6° Distrito Integrado de Polícia de Manaus.
Conforme o Boletim de Ocorrência (BO), todos são suspeitos de extorsão mediante sequestro, associação criminosa, ameaça, entre outros crimes. Além de Ericson, há três investigadores, cinco policiais militares, sendo quatro cabos e um sargento, além de dois civis envolvidos no caso.
O caso veio à tona após a polícia militar informar que três veículos estariam envolvidos em um suposto sequestro no bairro Correnteza, em Manacapuru. Segundo relatos de testemunhas, a denúncia partiu das famílias das vítimas, que disseram que um grupo armado chegou às residências das vítimas e se apresentou como policiais.
Na ação, os envolvidos levaram duas pessoas. Após algumas horas sem serem apresentados na delegacia, a família da dupla resolveu procurar pela polícia.
Com a denúncia, as polícias Civil e Militar foram acionadas para investigar o caso. No fim da tarde do dia 23 de março, os agentes interceptaram o carro e encontraram os policiais civis na estrada AM-352, em Manacapuru. Já o grupo de PMs foi preso na cidade de Novo Airão.