Leila fugiu do conflito ético e antecipou a renovação da Crefisa com o Palmeiras, até 2024. Favorita à presidência, deverá deixar o comando da empresa. Para modernizar a administração do clube e lutar pelo Mundial
Leila Pereira já tomou sua primeira atitude como ‘presidente’ do Palmeiras.
Antecipou a renovação do patrocínio da Crefisa.
Até 2024.
Se eleita terá o maior patrocínio da América do Sul. Para colocar em prática o desejo de modernização administrativa do clube.
Ao mesmo tempo que montará um time ainda mais forte, com potencial para buscar o grande sonho da torcida, um Mundial.
Como era esperado no clube.
Há meses, ela e o ainda presidente Mauricio Galiotte haviam decidido.
O ‘maior patrocínio de um clube da América do Sul’ continuaria com Leila.
Com os efeitos devastadores da pandemia na economia, o valor será praticamente o mesmo. Para o futebol brasileiro, excelente.
Serão R$ 81 milhões anuais garantidos para o clube estampar os logotipos da Crefisa e da Faculdade das Américas no uniforme inteiro palmeirense.
O valor pode chegar a R$ 120 milhões por ano, dependendo das conquistas do time. Campeonatos valerão bônus, exatamente como acontece atualmente.
E porque a renovação do contrato entre Crefisa e Palmeiras foi fechado e será anunciado quatro meses antes de o atual ser encerrado?
Porque Leila escapou do conflito ético que conselheiros da oposição já se preparavam para promover, via imprensa.
Como uma presidente de clube escolhe a própria empresa para patrocinar a equipe?
Renovando antes, a escolha não foi dela, foi de Galiotte.
E o período cobre exatamente os três anos que Leila será presidente do Palmeiras. Porque ela tem o apoio, de acordo com membros da oposição, entre 70% a 80% dos votos serão da dona da Crefisa.
Ela já bateu duas vezes o recorde de votos como conselheira do clube, algo inédito. Leila costurou o apoio, com a ajuda incansável de Galiotte e de Seraphim del Grande, presidente do Conselho Deliberativo, a caminhada à presidência. Derrotaram de forma inclemente os ex-presidentes Paulo Nobre e Mustafá Contursi.
A eleição será em novembro.
Leila já deu pistas que, enquanto comandar o Palmeiras, deverá se afastar da direção da Crefisa. Garantindo que investirá seu tempo integral no clube. Por enquanto, está afastada a ideia de transformar o Palmeiras em uma sociedade anônima, aberta para investimentos.
Não, o clube seguirá os moldes de ‘sociedade não lucrativa’, mas com modernização administrativa, para buscar o máximo de lucro. Como faz a Crefisa, por exemplo.
Buscará a independência na transmissões esportivas, investirá muito mais nos sócios-torcedores.
Com o arrefecimento da pandemia, o público voltará aos estádios gradualmente. O início em São Paulo está marcado para novembro. E faz parte dos planos de Leila a valorização do Allianz Parque como fonte de renda. O desejo é ter o estádio sempre com a lotação perto do máximo. Estimulando vantagens para os sócios-torcedores nos ingressos. E cobrando preços cheios àqueles que desejarem ir aos jogos.
O Palmeiras precisará contar com grandes times para seguir cobrando entradas das mais caras no futebol brasileiro, como fazem Atlético Mineiro e Flamengo. Seus mais prováveis rivais no país.
Leila quer seguir na busca das melhores promessas na América do Sul para valorizarem no clube e depois vendê-las à Europa. Seguirá a indicação de Galiotte que o Uruguai é uma ‘mina de ouro’ para contratar.
E a economia dos grandes clubes argentinos esta muito abalada. E jogadores importantes de Boca e River Plate se tornaram ‘possíveis’ ao Palmeiras.
Além, lógico, de retorno de atletas importantes brasileiros no Exterior.
Há a necessidade de chegada de jogadores midiáticos, mas em ótimo momento na carreira, para garantir mais visibilidade ao Palmeiras e às marcas Crefisa e Puma.
Há a discussão se Leila terá um ou mais executivos de futebol. Se dependesse dela, Galiotte faria parte de sua diretoria, trabalhando no futebol, quando deixar a presidência. Como Roberto de Andrade faz no Corinthians, por exemplo. A situação não está resolvida.
O que está claro para Leila é a necessidade de seguir com uma equipe de ponta, com capacidade de manter a hegemonia na América do Sul.
E Leila acredita muito em Abel Ferreira como treinador. E há a possibilidade real da antecipação da renovação do seu contrato, que atualmente vai até dezembro de 2022. Com a possibilidade de renovação até dezembro de 2023. O que poderia dar tranquilidade para Leila.
Mas não é assim. Porque a multa rescisória negociada entre Abel e Galiotte é ‘baixa’. Apenas 2,5 milhões de euros, cerca de R$ 15,7 milhões. Ele já foi sondado pelo Fenerbhace, da Turquia. E também pela Fiorentina, da Itália.
Leila quer Abel Ferreira de janeiro de 2022 até novembro de 2024, pelo menos. Quando acabaria o seu primeiro mandato.
E deseja o português sendo fundamental na escolha dos jogadores que formarão a equipe de 2022. Muito mais forte do que a atual. Tendo como meta o Mundial de Clubes, sonho da torcida.
Com poucos investimentos, mas certeiros. Buscando atletas importantes e alguns deles midiáticos, também para agradar a fornecedora de material esportivo, a Puma.
Tudo isso está sendo discutido exaustivamente.
Mas o primeiro passo para que Leila tenha uma eleição tranquila, em novembro, foi dado.
A renovação antecipada com a Crefisa.
O anúncio oficial deverá ser feito entre amanhã ou depois de amanhã, aniversário do clube.
Se Leila costura sua eleição desde fevereiro de 2017, quando quebrou pela primeira vez o recorde como conselheira, a oposição segue sem rumo.
O bilionário Luiz Pastore chegou a ser visto como esperança, para o grupo de Mustafá Contursi. Só que bastou seu nome ser vazado, sua vida passou a ser exposta. Ele mora no Brasil e na Argentina. Foi senador suplente pelo Espírito Santo. Tem empresas de importação e transformação de cobre e alumínio no Brasil, Chile, Perú e na Argentina
Foi candidato e perdeu a eleição para o senado italiano. Está ligado à Lega Nord, partido de extrema direita, na Itália.
Dono de jato particular, até a compra de um beijo na modelo Kate Moss, em um leilão beneficente, foi resgatado. Ele pagou 50 mil dólares, cerca de R$ 268 mil.
Pastore não quis ter sua vida exposta e desistiu da candidatura.
Savério Orlandi, ex-diretor de futebol e membro de Conselho de Orientação Fiscal, deverá ser o rival de Leila. Ele sabe que suas chances são mínimas.
As cartas da eleição do Palmeiras estão na mesa.
E Leila já consolidou sua candidatura.
Sabe que terá o apoio milionário de seu empresa por todo o seu provável mandato.
Sem drama ético.
A antecipação foi seu primeiro geste de ‘presidente’.
Fonte: R7
Foto: Divulgação