Nesta sexta-feira (29), milhares de pessoas marcharam por cidades em toda a Polônia em um terceiro dia de protestos contra a proibição quase total do aborto, desde que foi posto em prática pelo governo conservador no início desta semana.
Centenas se reuniram no centro de Varsóvia, apesar das restrições do coronavírus, gritando “liberdade, igualdade, aborto sob demanda”. Alguns carregavam cartazes que diziam “Tenho medo de morar aqui” e “Proibir o aborto discrimina os pobres”.
Os protestos seguem uma decisão do Tribunal Constitucional de outubro de que interromper a gravidez com defeitos fetais era inconstitucional, eliminando o caso de aborto legal mais frequentemente usado na nação predominantemente católica.
A decisão entrou em vigor na noite de quarta-feira (27), quando foi publicada no diário oficial.
De acordo com as novas regras, o aborto só pode ser realizado legalmente em caso de estupro ou incesto e quando a saúde ou a vida da mãe estão em risco, colocando a Polônia fora do contexto europeu. Os médicos que desafiam a lei podem ser presos.
O país foi abalado por semanas de protestos em todo o país após a decisão do tribunal de 22 de outubro. Eles rapidamente se transformaram em uma onda de raiva contra o governo nacionalista de Lei e Justiça (PiS) e a poderosa Igreja Católica.
O aborto se tornou uma questão altamente polêmica desde que PiS chegou ao poder em 2015, prometendo um retorno a uma sociedade tradicional e piedosa misturada com generosas doações do Estado.
*Com informações Reuters
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