Investigações policiais revelaram que o anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo, preso por estuprar pacientes sedadas, no Rio de Janeiro, na segunda-feira (16), guardava os vídeos do crimes e mais de 20 mil arquivos de pornografia infantil.
“Tenho muita experiência em investigações em crimes desta natureza. Mas, especialmente sobre esse caso, nunca vi algo tão violento, tão cruel. Não só por armazenar esses vídeos, com conteúdo extremamente agressivo, mas também a violência contra as vítimas submetidas aos cuidados do profissional, que aproveita o momento de vulnerabilidade e comete esses abusos”, afirmou o delegado Luiz Henrique Marques responsável pelo caso.
De acordo com o delegado da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), em depoimento, o anestesista negou os crimes. A defesa do caso ainda não foi localizada.
A investigação sobre o caso continua para identificar se o suspeito fez outras vítimas e criou algum tipo de perfil falso na internet para se comunicar com crianças e adolescentes. Segundo a polícia, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) afirmou que Andres não era credenciado no conselho entre os anos de 2020 e 2021, data em que teria cometido os crimes contra pacientes.
Se a suspeita for confirmada, o anestesista ainda pode responder por exercício ilegal da profissão.
Prisão surpreendeu esposa
Andres Eduardo Onate Carrillo foi preso em casa, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense, no início da manhã desta segunda-feira.
O delegado Luiz Henrique Marques relatou, em entrevista à Record TV, que a esposa de Andres se surpreendeu com a prisão do marido. Inicialmente, ela não acreditou, mas, no momento da busca e apreensão, a mulher se convenceu da participação do anestesista nos crimes.
Na residência, os policiais recolheram dispositivos eletrônicos, como celular e computador, que vão passar por perícia.
Andres se formou em 2015 na Universidade de Magdalena, em Santa Marta, na Colômbia, e veio para o Brasil em 2017. O médico fez residência médica em anestesiologia, prestou o Revalida e, em 31 de janeiro de 2022, obteve a inscrição no Conselho Federal de Medicina.
Andres virou notícia em seu país logo após o início da vacinação contra a Covid. O colombiano estagiava no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho quando, em janeiro, foi vacinado. Na época ele foi entrevistado pela Rádio Nacional da Colômbia.
“Tomei a decisão de me vacinar pela proteção individual, como também pelo meu trabalho, porque estou diariamente exposto ao vírus, entubando pacientes com Covid”, declarou.
Mas três arquivos feitos pelo próprio médico chamaram a atenção dos investigadores. Eram videosselfies dos abusos contra as próprias pacientes. Em uma delas, ele esfregou e introduziu o pênis na boca da mulher.
Além disso, dentre as 20 mil mídias, segundo a polícia, havia material produzido por Andres.
O Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da PF tinha informado à Polícia Civil que parte desses arquivos pode ter sido obtida através da tática do grooming — quando o criminoso estabelece uma relação de confiança e cria uma ligação emocional com a criança até que ela aceite enviar material.
Segundo a polícia, Andres se valeu de um perfil falso, que simulava uma criança, e a partir daí se aproximou das vítimas sugerindo troca de imagens e vídeos de cunho sexual.
“Encontramos gravações de tela de seu celular com conversas com crianças que enviavam fotos e vídeos. Como esses dispositivos se apagam, ele aproveitava para gravar e armazenar o conteúdo para utilização futura”, completou o delegado Luiz Henrique Marques.