A bebê de 6 meses que sofreu queimaduras em um hospital de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, morreu nesta sexta-feira (28). A pequena Juliana Duarte Anastácio teve 37% do corpo queimado no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho. A causa da morte está sendo investigada, segundo a unidade.
Com meningite e microcefalia, a bebê precisava de internações frequentes. No dia 18 de agosto, a mãe, Luara dos Santos, encontrou a filha toda enfaixada, depois de ir em casa para tomar banho e trocar de roupa. As queimaduras atingiram as pernas, barriga, nádegas e parte das costas da menina.
A polícia acredita, segundo a perícia e as informações que recebeu, que um banho quente foi o que causou as queimaduras.
O caso foi registrado na polícia, primeiramente, como crime de lesão corporal grave. A investigação da 78ª DP (Fonseca) também pode se estender para uma “condescendência criminosa” ou prevaricação por parte da administração da unidade de saúde (veja vídeo abaixo).
Com a morte de Juliana, a Polícia Civil informou que o crime passa a ser investigado como homicídio culposo. À TV Globo, o delegado Luiz Jorge, responsável pela investigação, falou que a enfermeira vai responder por homicídio culposo qualificado.
De acordo com a mãe de Juliana, no mesmo dia do incidente ela foi para casa para tomar banho. Quando recebeu a notícia de que algo havia acontecido com a filha, ela voltou correndo para o hospital. A mãe chegou a passar mal.
“Eu perguntando pra um e pra outro o que tinha acontecido, ninguém falava o que tinha acontecido”, explicou Luara.
Investigação
A Polícia Civil aponta que os gestores do hospital deveriam ter informado imediatamente às autoridades ou aos parentes sobre o ocorrido com a criança. De acordo com a corporação, a perícia e as informações apontam que foi um banho quente que causou as queimaduras.
“Nós fizemos diligência, e o perito descartou outra possibilidade. Pela dinâmica, que a criança foi imersa numa bacia e jogada água nela, concluímos que realmente foi água quente”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Luiz Jorge.
Segundo o delegado, o depoimento da técnica de enfermagem revelou o momento em que ela percebeu que havia algo errado.
“A enfermeira afirmou que deu um banho normal na criança. Ela afirmou que quando ela tirou a criança do balde para secar, a pele começou a soltar”, afirmou o delegado.
Após o caso ser noticiado, a polícia realizou uma perícia na unidade no dia 20 de agosto que durou cerca de duas horas. Os agentes analisaram, principalmente, a estrutura do hospital e foram à ala pediátrica. Houve a apreensão de um balde, uma bacia e a luva que teria sido usada para carregar os itens na hora do banho da Juliana.
O delegado explicou que o reservatório térmico de água demora a esquentar e que a profissional responsável não notou a temperatura.
“Demora de 5 a 10 minutos para a água esquentar nesse boiler. Ela então deixou a água esquentando e foi fazer outras coisas. Depois foi direto dar o banho, esqueceu que tinha que misturar a água”, explicou.
A família diz achar estranho o motivo ser um banho quente. Segundo a mãe da bebê, por conta dos problemas de saúde, Juliana só tomava banho no leito e que, durante toda a internação no CTI, ela nunca viu a filha tomar banho em um balde.
Luara afirmou ainda que, se a bebê tivesse sido colocada dentro de uma bacia com água quente, ela teria ainda mais queimaduras, não só na parte da frente do corpo.
A polícia também ouviu a direção do Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho e funcionários que cuidaram da menina. Segundo a família, houve demora para liberar as informações do prontuário da criança.
O que diz o hospital
A paciente de seis meses havia dado entrada na unidade com um caso de pneumonia e complicações na traqueostomia. Ela apresentava severo comprometimento neurológico. As causas da morte estão sendo apuradas.
A sindicância interna tinha sido aberta após a constatação das queimaduras no corpo da bebê. A funcionária já havia sido afastada. Para a apuração dos fatos, foram ouvidos 12 profissionais de saúde da unidade e analisadas as imagens das câmeras de vigilância. Também foi realizado um levantamento técnico e avaliação dos insumos e equipamentos utilizados no tratamento da paciente, além de análise da água, entre outras medidas.
Com informações do G1