O pré-candidato a prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, disse neste sábado, dia 19, durante encontro a convite dos moradores do Lago Azul, na zona Norte, que a fome foi um dos maiores desafios da sua gestão à frente da Prefeitura de Manaus, quando foi duas vezes chefe do Executivo municipal (1997 a 2004). Ele lembrou que quando criou o Programa Médico da Família, em 1999, as comunidades atendidas pelas equipes de saúde tiveram, muitas vezes, os remédios substituídos por alimentos.
“Mais próximos da população carente, os médicos descobriram que boa parte das doenças eram causadas pela fome e desnutrição. Em vez de remédios, em muitos casos passaram a prescrever alimentação, que as famílias recebiam da prefeitura”, contou Alfredo.
Segundo Alfredo, eram distribuídas por mês, cerca de 4 toneladas de complemento alimentar e multimistura. O complemento alimentar era dado sob prescrição médica para a famílias. Era uma cesta básica composta por 14 tipos de alimentos como feijão, arroz, açúcar, sal e fubá. Cada família recebia uma cesta e as mais numerosas recebiam duas.
“Nos casos de desnutrição, as crianças com o peso abaixo do normal recebiam uma multimistura, uma fórmula de alimentação alternativa composta por fibras, que era produzida pela Pastoral da Criança, da Arquidiocese de Manaus, que tinha toda a produção comprada pela prefeitura. O resultado foi a total recuperação das crianças desnutridas, que ganhavam 1,5 quilo em 15 dias”, relembrou.
A prefeitura também adotou a cozinha alternativa, para combater a carência alimentar detectada nas zonas atendidas pelo Programa Médico da Família. Introduzida também pela Pastoral da Criança, a cozinha foi uma experiência premiada pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef).
A ideia, contou Alfredo, foi transformar em refeições altamente nutritiva os alimentos normalmente descartados e as sobras alimentares. As famílias foram orientadas, em cursos ministrados pela Pastoral, a aproveitar, como complemento alimentar, sementes, folhas, talos e raízes de plantas, cascas de ovos, cabeça de peixe e outras sobras ricas em vitaminas, proteínas, fibras e sais minerais.
“Conseguimos grandes avanços no combate à fome com essas ações no Programa Médico da Família. Resgatamos vidas e foram os médicos da família e sua equipe os principais protagonistas, porque eles identificavam os casos de desnutrição, salvando centenas de pessoas”, ressaltou Alfredo.
DADOS
Na última quinta-feira, 17, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que apontava que a crise econômica enfrentada pelo Brasil nos últimos anos, prejudicou ainda mais as famílias mais pobres. Depois de mais de uma década em declínio, a fome voltou a crescer e atingiu 10,284 milhões de pessoas de meados de 2017 a 2018 — o correspondente a 5% da população brasileira.
A pesquisa mostrou que o índice de brasileiros que não têm acesso à alimentação básica teve alta de 43,7%. Neste período, aumentou em cerca de 3 milhões o número de pessoas com fome.
O levantamento foi feito entre junho de 2017 e junho de 2018. A pesquisa apontou também que a fome está mais presente nas zonas rurais.
De acordo com a pesquisa, 63.3% dos domicílios no Brasil tinham a chamada segurança alimentar. O melhor percentual foi registrado em 2013, quando o total de casas em que a alimentação poderia ser considerada plena e regular chegou a 77,4%.
Os especialistas alertam que a pandemia da Covid-19 pode influenciar ainda mais no aumento da insegurança alimentar no Brasil.