Uma nova regra do governo federal para fabricação e importação de refrigeradores no Brasil pode aumentar de forma significativa o valor das geladeiras e retirar modelos mais baratos do mercado. A mudança estabelecida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) exige nível de eficiência energética a partir de 85,5% e passa a valer no início de 2024.
Com essa regra, não poderão ser produzidas ou importadas geladeiras com nível de eficiência energética abaixo do valor estabelecido, e especialistas do setor acreditam que refrigeradores mais “baratos” do mercado, que hoje custam em torno de R$ 1.500 vão desaparecer.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), cerca de 10% dos volumes de geladeiras devem sair das lojas já no próximo ano e 83% em 2026, quando o índice de eficiência subirá para 90%.
“Só vão ficar no mercado a partir de 2026 geladeiras com valor acima de R$ 4 mil e isso vai provocar um prejuízo gigante para a população das classes C, D e E”, disse presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento, em entrevista ao Estadão.
Ele lembrou, inclusive, falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ditas durante evento no Palácio do Planalto em julho deste ano, quando citou que era preciso baratear o valor do refrigerador. Na época, Lula sugeriu ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, uma reedição de um antigo programa de incentivo à compra de eletrodomésticos da “linha branca”.
“As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos. Quando a geladeira velha está batendo, não está gelando a cerveja bem, e está gastando muita energia, você tem que trocar. E, se está caro, vamos baratear, tentar encontrar um jeito”, disse o presidente.
Ao Estadão, o MME informou que o processo de definição dos novos índices de eficiência energética para geladeiras “foi amplamente discutido, inclusive com a participação da Eletros, que não logrou êxito em apresentar dados que fundamentassem suas afirmações nas mais diversas oportunidades”.