Este mês, comemorou-se o Dia Mundial da Pessoa com Estomia, uma data que simboliza a importância dos direitos dos mais de 120 mil estomizados residentes no Brasil, como o acesso a políticas públicas e medidas que melhorem a qualidade de vida, com suporte técnico e orientação adequados/seguimento adequados.
A estomia é a cirurgia que consiste na abertura de um órgão oco do corpo humano, criando uma comunicação com o lado externo. Ela pode ser usada tanto para a eliminação de dejetos, quanto para a introdução de alimentos líquidos e medicamentos. Alguns exemplos são a colostomia e a gastrostomia, que servem para a saída das fezes do intestino e a ingestão de nutrientes, respectivamente essenciais à manutenção da saúde.
Estimativas recentes apontam que o Brasil registra, em média, 15 mil novos estomizados/ano, dado que demonstra a relevância do atendimento especializado a esse público. A cirurgia de estomia pode ser tanto para uma abertura definitiva, com a qual o paciente terá que conviver pelo resto da vida, ou, para um canal temporário de comunicação, revertido cirurgicamente após determinados tratamentos, explica a presidente da Organização Social Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), enfermeira estomaterapeuta Karina Barros.
Especialista em estomaterapia pela UEA (Universidade do Estado do Amazonas), Karina explica que a as estomias exigem um cuidado redobrado dos pacientes, uma vez que a conexão com o lado externo do corpo facilita o acesso de organismos nocivos à saúde, como bactérias, fungos e afins.
Por isso, uma limpeza adequada e a troca das bolsas ( no caso das colostomias) e cateteres (nos casos de gastrostomias e jejunostomias) no tempo previsto, são de extrema importância. Assim, evita-se, por exemplo, o aparecimento de lesões de pele associadas ao uso incorreto dos equipamentos, as quais podem levar a infecções e complicações mais graves ao paciente, a exemplo da sepse (condição caracterizada pela infecção disseminada no organismo e que pode levar à morte).
Autocuidado e prevenção às complicações
A portaria n 400/2009, do Ministério da Saúde (MS), traz um parágrafo dedicado à atenção básica voltada às ações de orientação para o autocuidado e prevenção de complicações nas estomias. Nela, a Secretaria de Atenção à Saúde prevê, entre outras ações, que “o serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomizadas deverá realizar ações de orientação para o autocuidado, prevenção de complicações nas estomias e o fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança”.
Também define, em seu artigo 5º, “que as Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e municípios em gestão plena e que aderiram ao Pacto pela Saúde, adotem as providências necessárias à organização da Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas”.
As indicações são: orientar quanto ao cadastro de pessoas com estomia; organizar e promover as ações na atenção básica; estabelecer fluxos e mecanismos de referência e contrareferência para a assistência na atenção básica, média complexidade e alta complexidade, inclusive para cirurgia de reversão de estomias nas unidades hospitalares; zelar pela adequada utilização das indicações clínicas de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança para pessoas com estoma; e efetuar o acompanhamento, controle e avaliação que permitam garantir o adequado desenvolvimento das atividades previstas para a assistência às pessoas com estoma.
É indicada, ainda, a promoção da educação permanente de profissionais na atenção básica, média e alta complexidade para a adequada atenção às pessoas com estoma.