O cantor de funk Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, afirmou à Polícia Civil do Rio de Janeiro que tem ligação com o Comando Vermelho (CV). A declaração foi feita logo após sua prisão e durante o procedimento padrão de triagem, antes da transferência para o sistema penitenciário. As informações foram divulgadas pela Coluna Na Mira, do portal Metrópoles.
Ao desembarcar no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Poze teria pedido explicitamente para ser levado à ala destinada a presos da facção, temendo ser colocado junto a integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP), grupo rival com quem o CV disputa violentamente o controle de comunidades no estado.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) confirmou que o cantor foi encaminhado para a Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3A), unidade conhecida por abrigar presos ligados ao Comando Vermelho. A medida segue o protocolo adotado nas unidades do estado, que prevê a separação de detentos por facção, como forma de evitar conflitos e mortes dentro dos presídios.
A prisão de Poze ocorre em meio à investigação da Polícia Civil sobre a realização de um show do artista na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, onde vídeos mostram homens armados com fuzis circulando entre o público. As imagens, gravadas no dia 17 de maio, antecederam uma operação policial realizada dois dias depois, na qual um agente da polícia civil foi morto.

MC Poze é uma das figuras mais populares do “funk proibidão”, estilo conhecido por letras que narram o cotidiano de comunidades marcadas pela presença do tráfico. Canções do artista mencionam diretamente o Comando Vermelho, o que tem alimentado o debate sobre os limites da liberdade artística e a influência de ídolos da música na legitimação simbólica de grupos criminosos.
Enquanto parte dos fãs defende que o cantor apenas retrata a realidade das periferias, autoridades do sistema de justiça e segurança pública veem risco na glorificação de facções através da música. A apuração sobre o evento com armas segue em andamento, e a polícia tenta identificar os responsáveis pelas imagens divulgadas.