Morte de PM da Rota desencadeou operação que deixou 8 mortos no Guarujá; antes de se entregar, suspeito fez vídeo pedindo “fim de matança”.
São Paulo – Preso na noite desse domingo (30/7) na zona sul de São Paulo, Erickson David da Silva, de 28 anos, é suspeito de ser o autor do tiro que matou um PM da Rota, no Guarujá, na quinta-feira (27/1). Segundo a polícia, ele se entregou após saber que havia sido identificado.
De acordo com os registros policiais, Erickson, conhecido como Deivinho, era morador da Vila Baiana, que fica a pouco mais de três quilômetros da comunidade de Vila Zilda, onde o PM Patrick Bastos Reis, 30 anos, foi morto.
Antes de se entregar em uma delegacia da capital, Erickson gravou um vídeo em que pediu ao governador Tarcísio de Freitas e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que parassem com a “matança” nas comunidades do Guarujá.
“Meu nome é Erickson David, o ‘Deivinho’. Eu quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança aí. (Estão) matando uma ‘pá’ de gente aí, inocentes. (Estão) querendo pegar minha família. Eu não tenho nada a ver. É o seguinte, vou me entregar, eu não tenho nada a ver”, afirma Erickson na gravação.
Um áudio obtido pela polícia mostra um advogado orientando Deivison a fazer o vídeo. A polícia trabalha para identificar quem seria o autor da gravação com instruções ao suspeito.
“Antes de se entregar, faz um vídeo mostrando só o rosto, cita o [Guilherme] Derrite, secretário de Segurança Pública do estado, cita também o governador do estado, Tarcísio Freitas, para acabar com o massacre no Guarujá, que o que está acontecendo é covardia”, diz o homem na gravação.
Mortos no Guarujá
Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, as ações da PM no município da Baixada Santista podem ter deixado pelo menos 10 mortos, segundo relatos de moradores da região. Em coletiva nesta segunda-feira (31/7), Tarcísio confirmou a morte de oito pessoas, mas o governador negou que tenha havido excessos.
“Um dos mortos em suposto confronto seria um rapaz esquizofrênico, com adoecimento mental”, disse o ouvidor Claudio Aparecido da Silva. Em outro caso relatado por uma advogada, por telefone, uma senhora teve a casa invadida por policiais, que entraram mascarados, sem mandado ou qualquer identificação.
Em redes sociais, a Ouvidoria tem recolhido diversas manifestações de pessoas que vivem em comunidades que são alvo da ação policial. As mensagens citam, por exemplo, determinado número de moradores que deveriam morrer em cada bairro. Outras falam que qualquer um que tiver tatuagens ou antecedentes criminais seria alvo dos policiais.
A morte do PM
O soldado da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis foi baleado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda. Atingido no tórax, ele não resistiu. Já o cabo Fabiano Oliveira Marin Alfaya, de 39 anos, foi ferido na mão. Os tiros foram disparados a até 70 metros de distância, segundo a SSP.
“Importante dizer que foi um projétil disparado por 50 e até 70 metros de distância. Disparado por um projétil calibre 9 mm. Provavelmente o mesmo disparo que acertou um policial. Entrou no ombro do soldado Reis e levou a óbito”, afirmou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
Fonte: Metrópoles
Foto: Reprodução