A Rússia contestou nesta segunda-feira (25/3) as afirmações dos Estados Unidos de que o grupo militante Estado Islâmico orquestrou um ataque a tiros em uma casa de shows nos arredores de Moscou, que matou 137 pessoas e feriu outras 182, acusando Washington de acobertar a Ucrânia.
No ataque mais mortal dentro da Rússia em duas décadas, quatro homens invadiram o Crocus City Hall na noite de sexta-feira, atirando nas pessoas durante um show do grupo de rock da era soviética Picnic.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque, uma alegação que os Estados Unidos disseram publicamente acreditar, e o grupo militante desde então divulgou o que diz ser uma filmagem do ataque. Autoridades dos EUA disseram ter alertado a Rússia sobre informações de inteligência a respeito de um ataque iminente mais cedo neste mês.
O presidente Vladimir Putin não mencionou publicamente o grupo militante islâmico em conexão com os agressores, que, segundo ele, estavam tentando fugir para a Ucrânia.
Putin disse que algumas pessoas do “lado ucraniano” estavam preparadas para levar os homens armados para o outro lado da fronteira. A Ucrânia negou qualquer participação no ataque e o presidente Volodymyr Zelenskiy acusou Putin de tentar desviar a culpa do ataque mencionando a Ucrânia.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou as afirmações dos EUA de que o Estado Islâmico, que já buscou o controle de áreas do Iraque e da Síria, estava por trás do ataque.
Em um artigo para o jornal Komsomolskaya Pravda, ela disse que os Estados Unidos estavam evocando o “bicho-papão” do Estado Islâmico para cobrir suas “alas” em Kiev, e lembrou aos leitores que Washington havia apoiado os combatentes “mujahideen” que lutaram contra as forças soviéticas na década de 1980.
Duas autoridades norte-americanas disseram na sexta-feira que os Estados Unidos tinham informações de inteligência que confirmavam a reivindicação de responsabilidade do Estado Islâmico.
Suspeitos presos exibidos
Onze pessoas foram presas após o atentado ao Crocus City Hall, na noite de sexta-feira (22/3), que deixou pelo menos 137 mortos e cerca de 150 feridos. Os quatro suspeitos tiveram a prisão preventiva decretada depois de comparecerem, com marcas de tortura visíveis, em um tribunal de Moscou, na noite de domingo (24/3).
O tribunal divulgou imagens chocantes, que mostram três dos suspeitos sendo levados à audiência algemados e empurrados pelos policiais. O quarto acusado chegou em uma maca, foi colocado praticamente nu em uma cadeira de rodas e estava de olhos fechados. Todos pareciam ter sido torturados e espancado.
Dalerdzhon Mirzoyev, Saidakrami Rachabalizoda, Shamidin Faridouni e Muhammad Fayzov, todos tadjiques, são acusados de “terrorismo” e podem ser condenados à prisão perpétua, informou o Tribunal de Basmanny, de Moscou, em um comunicado.Três deles se declararam culpados.
A prisão preventiva, prevista para durar até 22 de maio, pode ser prorrogada até o julgamento, cuja data ainda não foi definida. As autoridades russas já haviam dito que os suspeitos eram “cidadãos estrangeiros”, sem mencionar sua nacionalidade. O Tajiquistão é uma ex-república soviética de maioria muçulmana na Ásia Central.
*Com informações UOL e RFI