O secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, disse na manhã deste sábado (4) que a qualidade do ar em Manaus deve continuar ruim até dezembro. Neste sábado, a cidade vive o ápice da segunda onda de fumaça e o ar é considera horrível em toda a cidade.
A capital do Amazonas é o epicentro de uma grave crise ambiental que atinge todo o estado. O problema é potencializado pelas queimadas que, em todo o Amazonas, somam mais de 15 mil nos últimos três meses. Outubro, inclusive, foi o pior mês em relação aos incêndios dos últimos 25 anos. Com o problema, o governo do estado decretou emergência ambiental.
Em entrevista ao Jornal do Amazonas 1ª edição, Taveira voltou a dizer que o problema enfrentado pelos amazonenses é causado por queimadas no Pará.
“Esse problema está sendo causado pelos incêndios no Oeste do Pará. A corrente de vento é formada sobre o Oceano e vem para o continente. Logo, essa massa de ar é empurrada para o Amazonas. Você pode perceber que todos os municípios dessa região estão com focos de calor, então isso impacta diretamente o Amazonas porque é arrastado para cá”, explicou.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas, de 26 de outubro, até a sexta-feira (3), 5.305 focos foram registrados no estado do Pará e, em menor intensidade, na Região Metropolitana de Manaus (RMM), onde no mesmo período foram registrados 149 focos.
Apesar da intensificação da fumaça na capital, na sexta-feira, apenas nove focos foram notificados pelo Inpe na RMM. Na mesma data, 71 focos foram registrados no estado vizinho.
Questionado, no entanto, sobre as ações que estão sendo firmadas com o governo do estado vizinho, Taveira disse que o Amazonas deve receber a cúpula de governadores da região, que deve debater o assunto, e que o estado tem mantido conversas com a administração vizinha para resolver o problema.
Ainda durante a entrevista, o secretário afirmou que a situação vivida em Manaus se agrava devido a um “combo” de problemas ambientais potencializados pelo El Niño.
Onda de fumaça que encontre Manaus se torna mais densa. — Foto: Matheus Castro/g1
“Estamos sem previsão de chuvas e a previsão é de que esse cenário persista até dezembro, atrasando nuvens. Temos um clima muito seco, principalmente em um período que não era para estar assim. O sistema não está adaptado para essa quantidade de fumaça”.
Em nota enviada à Rede Amazônica na sexta-feira, o Governo do Pará disse que não tem confirmação de que a fumaça em Manaus seja proveniente do Estado. A Secretaria de Meio Ambiente informou que com o El Niño, o Pará enfrenta período de poucas chuvas e seca. A pasta ainda reforçou o efetivo e ampliou ações de prevenção e combate aos incêndios florestais.
Problema se agravou neste sábado
Manaus (AM) amanhece coberta por fumaça neste sábado (4). — Foto: SANDRO PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Na madrugada deste sábado (4), no entanto, o problema que já era grave, piorou ainda mais. Por volta de 1h, Manaus voltou a ficar totalmente encoberta. O cheiro de queimadas também invadiu casas e incomodou.
Segundo o “Selva”, sistema desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em quase todas as zonas da cidade, a qualidade do ar era péssima.
O aplicativo que considera que o ar é péssimo entre 125 a 160, mostrou que por volta das 1h30 da manhã, o índice chegou a 600 na Zona Sul da cidade e variou entre 200 e 400 na Zona Leste.
Onda de fumaça que encontre Manaus se torna mais densa. — Foto: Matheus Castro/g1
Durante a manhã o problema persiste e pontos da cidade estão totalmente encobertos. A visibilidade é baixa e até o sol mudou de cor. O tradicional amarelo deu lugar a raios laranjados. De acordo com o Selva, a Zona Sul da capital do Amazonas continua a ser a mais afetada pelo fenômeno.
Com o problema, muitas pessoas voltaram a usar máscaras para sair de casa na manhã de sábado.
Em Parintins e em Maués, no interior do estado, o problema também está fazendo parte da rotina dos moradores. Em Parintins, o fenômeno encobre a outra margem do Rio Amazonas.
Fonte: G1 Amazonas