A diretoria perdeu tempo com Cavani, Suárez e Diego Costa. Não buscou um artilheiro possível, como Gilberto, e logo na estreia contra a Ferroviária a velha frustração da falta de gols. Pior para Sylvinho
Nem Cavani nem Suárez ou Diego Costa.
24 mil torcedores frustrados.
R$ 1,3 milhão de arrecadação.
Nem a reestreia de Paulinho serviu como compensação.
35 cruzamentos.
Seis chutes que foram ao gol da Ferroviária.
Roger Guedes deixa o campo visivelmente irritado por ter sido improvisado como “centroavante”, homem de referência na área, quando seu talento é justamente atuar pelos lados do campo.
Ele foi deslocado para a posição depois de o improvisado meia Matuan não render jogando fora de posição, como o último atacante, de costas para o gol.
O 0 a 0 contra a limitada Ferroviária, de Araraquara, na Neo Química Arena, na estreia do Campeonato Paulista, trouxe à tona o problema que atormenta o presidente Duilio Monteiro Alves: a falta de um artilheiro.
Há um ano, a história segue a mesma. Esperar por Jô. Afinal, o Corinthians paga R$ 700 mil por mês ao jogador. Só que, a dois meses de completar 35 anos, ele segue mostrando enorme dificuldade física para ser o artilheiro de que o time precisa, como era em 2005 e 2017, quando deixou o clube. Desde seu retorno, em 2020, só frustração.
Fora os problemas extracampo, como “sumir” por alguns dias, inclusive da família, Jô não consegue entrar em forma, ser o jogador que tenha a intensidade e o oportunismo de que Sylvinho precisa. Para piorar, ele começou 2022 com Covid. Mal acabou de se recuperar, mas não a ponto de poder atuar ontem.
Sylvinho já conversou com o presidente Duilio Monteiro Alves e com o vice Roberto de Andrade sobre a necessidade desse artilheiro. Foram várias vezes, desde o ano passado. Mas os sonhos foram altos demais e acabaram fracassando.
Cavani, R$ 6 milhões por mês, segue no Manchester United. Suárez, R$ 4,5 milhões, no Atlético de Madrid.
Diego Costa, que exigia R$ 1,5 milhão por mês e contrato de dois anos, mas só se não arrumasse clube na Europa, foi descartado publicamente.
Foi tentada a busca de Artur Cabral, atacante com origem palmeirense que está no Basel da Suíça. Só que o clube europeu não aceitou emprestá-lo. O preço, 15 milhões de euros, cerca de R$ 92 milhões, é absurdo para a atual situação econômica corintiana.
Empresários até sugeriram Falcão Garcia, colombiano de 35 anos que vive sua fase mais decadente na carreira no Rayo Vallecano, na Espanha. Com uma série de contusões graves, o atacante não é mais o vibrante “homem de área” de dez anos atrás. Foi descartado.
A diretoria, para disfarçar, resolveu colocar a camisa 9 em Roger Guedes. Fazer com que esquecesse o número 123, com que atuou em 2021. Situação esdrúxula.
A desculpa que membros da direção dão a conselheiros é que o rival Palmeiras, o clube mais rico do país, também não consegue, desde o ano passado, contratar um artilheiro.
O clube teve Gilberto, ex-Bahia, nas mãos. Mas preferiu apostar na busca por Cavani. E o artilheiro de 32 anos acabou assinando com o Al Wasl, dos Emirados Árabes.
Enquanto a diretoria analisa novos nomes no mercado, a pressão pelo frustrante 0 a 0 recaiu em Sylvinho. Pela falta de variação tática do time, que, do primeiro ao último minuto do jogo de ontem, atuou no 4-4-2.
Fiel a Duilio, o treinador segue defendendo seus conceitos.
E não diz aos jornalistas as inúmeras vezes em que pediu um homem de área, um artilheiro, desde o segundo semestre de 2021.
Mas a diretoria foi incompetente para contratá-lo.
E incoerente.
Porque, mesmo devendo cerca de R$ 1 bilhão, buscou atletas caríssimos como Roger Guedes, Paulinho, Renato Augusto, Willian.
Sem um artilheiro, Sylvinho já começa 2022 sofrendo.
Fonte: R7
Foto: Divulgação