
Mundo – O terremoto que devastou Mianmar na sexta-feira (28) já se tornou o desastre natural mais mortal da história do país, com mais de 1,7 mil vidas perdidas, segundo dados oficiais atualizados neste domingo (30). O balanço, que continua subindo, inclui ainda 3,4 mil feridos e mais de 300 desaparecidos, enquanto equipes de resgate enfrentam condições extremamente difíceis para alcançar as áreas mais afetadas.
O tremor de magnitude 7,7, com epicentro a apenas 16 km da cidade de Sagaing, deixou um rastro de destruição sem precedentes. Comunidades inteiras foram arrasadas, com casas destruídas, pontes colapsadas e estradas bloqueadas por escombros. Em Naypyitaw, a capital do país, o terremoto derrubou a torre de controle do aeroporto, complicando ainda mais os esforços de ajuda humanitária.
A situação é particularmente crítica porque Mianmar já enfrentava uma grave crise humanitária antes do desastre. Governado por uma junta militar desde 2021 e envolvido em uma guerra civil, o país tem cerca de 40% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. O isolamento internacional e os conflitos internos dificultam a resposta à emergência, deixando muitos sobreviventes sem acesso a ajuda básica.
Em Mandalay, a segunda maior cidade do país, testemunhas relataram cenas desesperadoras de moradores escavando os escombros com as próprias mãos, na tentativa de resgatar vítimas ainda presas sob construções desmoronadas pelo terremoto. A falta de equipamentos pesados e a dificuldade de acesso às áreas mais atingidas têm retardado os trabalhos de resgate.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) emitiu um alerta vermelho para a situação, estimando que o número final de vítimas pode ultrapassar 10 mil mortos. A organização destacou os riscos adicionais causados pelas más condições das infraestruturas antes do terremoto e pela dificuldade de enviar ajuda às regiões mais remotas.
A comunidade internacional começou a mobilizar esforços para auxiliar o país, mas as restrições impostas pelo governo militar e os danos à infraestrutura de transporte limitam a distribuição de suprimentos. Enquanto isso, os sobreviventes enfrentam falta de água potável, alimentos e medicamentos, com muitos dormindo ao relento sob fortes chuvas que têm atingido a região.
Autoridades de saúde alertam para o risco iminente de surtos de doenças em abrigos temporários superlotados, onde as condições sanitárias são precárias. A ONU e a Cruz Vermelha trabalham para coordenar a ajuda humanitária, mas admitem que o acesso às áreas mais críticas permanece um desafio significativo.