O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) absolveu e determinou a revogação imediata da prisão e soltura de Clemilson dos Santos Farias, de 43 anos, conhecido como “Tio Patinhas”, suspeito de tráfico de drogas e de ser o mandante de diversos homicídios em Manaus. Ele era procurado desde 2015 e foi preso em 2018, em um apartamento de luxo, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana de Recife (PE). Ele seria o chefão do CV no Amazonas.
Na sentença, a juíza Rosália Guimarães Sarmento, da 2ª Vara de Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecente alegou “ausência” e “fragilidade” das provas, que seriam insuficientes para demonstrar a autoria e a materialidade dos crimes. A juíza também absolveu a mulher de Clemilson, Liciane Barbosa Farias.
No processo, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) pedia a condenação de Tio Patinhas apresentando inquérito que relata a operação realizada para prender o suspeito em outro estado. Segundo o documento, no momento da prisão foram encontrados notebook e anotações de caixa com dinheiro relacionado ao tráfico de drogas, uma escritura de imóvel no valor de R$ 390 mil. Ao processo também foram anexados registros de seis veículos em nome de Clemison.
Ao menos sete crimes considerados gravíssimos pelo MPAM foram citados, entre eles o de um homem que foi encontrado morto com um cartaz no rosto dizendo: “Devia Tio Patinhas”.
Tio patinhas também gostava de ostentar armas, segundo o inquérito. Ele foi fotografado empunhando uma metralhadora usada em artilharia anti-aérea.
Em 2018, quando foi preso, Clemilson disse em depoimento para o delegado Jeff Mac Donald, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros que não era mandante de dezenas de homicídios, mas confirmou que integrava o CV e que na época, comandava o tráfico de drogas em Pernambuco.
“Ele nega tudo, diz que se fosse mandar matar, mandaria matar os ‘cabeças’ da facção e não soldados pequenos porque se matar um, outro surge no dia seguinte”, disse o delegado na ocasião.
Tio Patinhas entrou para o tráfico após perder emprego
Natural de Novo Airão, a 115 quilômetros de Manaus, Clemilson já havia sido preso em 2015, com 15 bananas de dinamite, um fuzil e drogas, em um sítio em seu nome avaliado em R$ 1 milhão, no ramal Pau-Rosa, no quilômetro 21 da BR-174, antes de ser tornar o chefão do CV no Amazonas.
Em depoimento, Tio Patinhas disse que entrou para o crime em 2005, após ser demitido da Panasonic, no Distrito Industrial de Manaus. Ele teria recebido o apelido de “Tio Patinhas” somente em 2015, quando já era considerado um forte traficante e que, certo dia, chegou no Mutirão, na Zona Norte, com um cordão grosso de ouro e um medalhão do desenho animado “Tio Patinhas”.
O plano de Clemilson era a dominar todas as áreas comandadas pela FDN, tanto em Manaus, como em outras partes do Brasil. Para isso, ele mandava matar todos os que não fossem do Comando Vermelho.
Clemilson pertencia, inicialmente, à facção de “João Branco” e “Zé Roberto da Compensa”. Foi nela que ele cresceu e se firmou como um dos nomes do tráfico. No entanto, o plano de dominação começou a tomar forma depois que ele soube de onde e como eram comprados os entorpecentes e outros materiais comercializados pela facção.
Com informações de Portal Tucumã