O empresário condenado a 20 anos de prisão por tráfico de drogas, Alex da Silva Viana, conhecido como “Sheik” e “Alex Colombiano”, fugiu na madrugada de quinta-feira (16), horas depois de ter sido colocado em prisão domiciliar pelo juiz plantonista de Tefé, Alex Jesus de Souza.
Alex Colombiano deixou o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1), onde estava preso cumprindo pena, por volta das 17h quarta-feira (16), colocou tornozeleira eletrônica e deveria ter ido para a sua casa, no condomínio Portinari, Bairro Tarumã (Zona Oeste). Ao invés disto, ele o rompeu o acessório e fugiu.
O criminoso teve o alvará de soltura revogado pela desembargadora plantonista Onilza Abreu Gerth. “Comunique-se, com urgência, o Juízo de primeiro grau acerca da presente decisão, para que tome as medidas necessárias ao recolhimento do alvará de soltura expedido”, determinou a magistrada.
Desde as primeiras horas da manhã de quinta-feira, o criminoso passou a ser procurado pela polícia em todo estado. Para a polícia, não há dúvidas do que já estava tudo planejado para a fuga do criminoso.
De acordo com o promotor da 1º Promotoria de Tefé, Thiago de Melo Paulo Freire, a defesa do traficante requereu que fosse concedida a prisão domiciliar para o traficante alegando que Alex Colombiano precisa de tratamento de saúde.
“Analisando os documentos juntados pela defesa constata-se inexistir laudo médico atualizado que comprove a narrativa trazida pela Defesa de que o acusado estaria acometido de doença renal (pedra na vesícula)”, disse o promotor em um dos seus recursos.
Conforme Thiago de Melo, o pedido de prisão domiciliar foi direcionado ao juiz plantonista de Tefé, o que, de acordo com o promotor, não deveria ter sido feito, já que o plantonista, nesse caso, não tem competência para apreciar esse pedido.
“Como já havia sentença, o pedido deveria ter sido feito no segundo grau ou para a Vara de Execuções Penais (VEP). O juiz apreciou de imediato e cometeu dois equívocos formais. Ele o fez sem autorização do desembargador plantonista, nesse tipo de situação autorização do desembargador plantonista é necessária, e sem a manifestação anterior do Ministério Público” explicou Thiago de Melo.
O MP, assim que teve conhecimento da decisão, por meio de Thiago de Melo, prontamente interpôs recursos contra a decisão do magistrado. A primeira em sentido estrito, perante o juízo do primeiro grau, outra cautelar inominada, no segundo grau.
Conforme o promotor, a desembargadora plantonista Onilza acolheu o pedido do MP, para que fosse revogada a decisão que concedeu a prisão domiciliar e expedido novo mandado de prisão. Alex Colombiano fugiu antes do efetivo policial dar cumprimento ao mandado de prisão.
De acordo com o informações do MP, Alex Colombiano integra a facção criminosa Comando Vermelho (CV) e é considerado um dos maiores distribuidores de droga do Amazonas. Ele leva a vida empresarial, na área de transporte fluvial para ocultar o lucro do comércio de drogas da tríplice fronteira. Para a polícia, Alex Colombiano é um traficante travestido de empresário,
Alex Colombiano tem contatos direto com produtores de cocaína e maconha na Colômbia e foi por conta desse relacionamento com eles que acabou ganhando o apelido de “Alex Colombiano”.
Dentro da facção, se destacou como um dos principais fornecedores de drogas, sendo “promovido” a um dos dez conselheiros do CV no Amazonas devido o seu conhecimento em lavagem de dinheiro.
Antes de ser preso, utilizava a sua empresa, a Viana Transporte e Logística de Cargas, para lavar dinheiro do tráfico, financiando ações criminosas, incluindo o ataque contra a viatura da Polícia Civil em frente ao fórum Henoch Reis em janeiro de 2022, onde um grupo armado ligado à facção CV assassinou um dos líderes da facção criminosa Revolucionários do Amazonas (RDA).
Já no sistema prisional, lidera a massa carcerária do CV, sendo o responsável por gerenciar a “caixinha”, espécie de mensalidade paga por faccionados aos líderes da facção. Com esse recurso é que são financiadas as principais atividades criminosas do CV no estado.
Alex Colombiano foi preso pela Polícia Federal em maio de 2022, na calha do rio Japurá, com 195 quilos de droga. A mesma estava escondida na embarcação Rebouças Júnior de sua propriedade.
Na casa dele foram encontradas diversas armas de fogo e documentação apontando possível lavagem de dinheiro, uma vez que o traficante possui acumulo de bens incompatíveis com a movimentação da empresa em que é proprietário.
Com informações: A Crítica