Idealizado e inaugurado pela gestão do então governador do Amazonas, Eduardo Braga (MDB), o monumento dedicado à ponte Rio Negro, localizado na avenida Brasil, Compensa, zona Oeste de Manaus, custou aos cofres públicos R$ 5,54 milhões, valor suficiente para a implantação de 30 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que poderiam ter amenizado os impactos da pandemia da Covid-19 no Estado. Atualmente, segundo o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), além de Manaus, o Amazonas conta com 31 leitos nessa modalidade, distribuídos em três municípios distantes da capital: Parintins, Tefé e Tabatinga. Eles foram criados na atual gestão do governador Wilson Lima (União Brasil), diante do aumento de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus.
O monumento em homenagem à ponte repercutiu na imprensa local, à época de sua inauguração, em 2010, pelo volume de recursos empregado na obra, que não tem serventia prática à cidade ou ao Estado. Hoje, ele encontra-se deteriorado e serve de abrigo para pessoas sem teto.
O número de leitos que poderiam ser criados com o valor considera os R$ 5,54 milhões investidos na obra, e o custo da implantação de um leito de UTI que, segundo um estudo publicado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), correlacionado à pandemia da Covid-19, é de R$ 180 mil. O estudo tem como temática o custo do enfrentamento da pandemia da Covid-19.
O estudo também aponta que a manutenção de um leito de UTI custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil ao dia. Por essa lógica, R$ 5,54 milhões seria suficientes para manter 1,84 mil diárias. Ou, mais de 60 leitos de UTI por um mês, sobrando ainda uma reserva financeira para eventualidades.
O monumento localizado na Compensa, na esquia da via que dá acesso à ponte Rio Negro, foi inaugurado em 2010, e gerou, por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), em 2016, uma condenação à então secretária de Estado de Infraestrutura da gestão de Eduardo Braga, Waldívia Alencar, no valor de R$ 2,1 milhões, sob a justificativa de superfaturamento.
A condenação é derivada de representação do Ministério Público de Contas (MPC). Waldívia também foi multada, à época, em R$ 8,7 mil, por ausência de justificativas técnicas para alterações contratuais.