Em nova entrevista coletiva, representantes das forças de Segurança do Estado esclareceram outros pontos do cárcere privadoque terminou com quatro mortes no bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo. O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, falou no início da tarde desta quarta-feira do histórico do atirador Édson Crippa, que morreu durante a ação. O homem usou duas pistolas, duas carabinas e contava com farta munição.
“Ele tinha armas registradas legalmente. Ele tinha duas armas registradas, sendo uma no sistema Sigma, do Exército, e outra no Sinarm, da Polícia Federal. Por ser CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), ele teve de apresentar um laudo atestando que teria condições de portar uma arma, mas ele já teve quatro internações por esquizofrenia. Com esquizofrenia não é uma questão de se, mas de quando a tragédia vai acontecer. Ele tinha isso e armas em casa”, disse Caron.
De acordo com as autoridades, Crippa tinha uma ficha sem antecedentes criminais. Após uma rápida investigação, foi encontrado apenas um boletim de ocorrência por ameaça, mas que não gerou processo.
Inicialmente, as autoridades têm a ideia de que Crippa sabia atirar bem. “Imaginem que um homem que tenha derrubado dois drones com uma pistola é uma pessoa que sabe atirar. Não temos a noção de cursos, mas ele sabia usar o armamento”, comentou Caron.
Incursões
Também presente na coletiva, o comandante-geral da Brigada Militar, Cláudio Feoli, relatou parte da ação da Corporação e do Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Segundo ele, foram necessárias três incursões para o resgate de mortos e feridos na troca de tiros entre os policiais e Crippa.
“A cada tentativa de aproximação, a BM era repelida por uma quantidade significativa de tiros. Tentamos a todo momento a conversa, mas não havia retorno ou resposta. Eram tiros. Então o que fizemos foi retirar a equipe iniciar uma técnica diferente de abordagem”, explicou Feoli. “Fizemos a saturação de tiros e conseguimos avançar na primeira incursão, quando socorremos os PMs. Na segunda, fizemos a retirada do corpo do soldado Kirsch e na terceira, os familiares”, acrescentou.
A partir da retirada dos feridos e dos mortos, o BOPE procurou ter a certeza de que Édson Crippa estava sozinho, sem mais reféns. “Foi aí que usamos drones para nos certificarmos de que não haveria danos colaterais se invadíssemos. Neste momento, constatamos que ele estava sem vida”, disse Feoli.
A Polícia Civil esteve no local e já fez algumas verificações iniciais. Crippa morava com a família e no seu quarto foi encontrado água estocada, além de armas e munições. Cerca de 300 munições não usadas foram localizadas no recinto.